A liturgia deste domingo nos convida a refletir sobre esta questão: o que enche o nosso coração e o que testemunhamos é a verdade de Jesus ou são nossos interesses e nossos critérios egoístas?
A primeira leitura nos dá um conselho muito prático e útil: não façamos juízo das pessoas à primeira impressão, mas os deixemos falar. As palavras revelam a verdade ou a mentira que há no íntimo de cada coração. É possível o ser humano fingir, enganar, disfarçar e encenar comportamentos, mas a palavra revela e põe a nu os seus sentimentos mais profundos.
Na segunda leitura, Paulo conclui sua catequese a respeito da ressurreição. Ele afirma que o decisivo é que a morte perdeu, para sempre, o seu poder, tanto em relação a Cristo, como em relação aos cristãos. Cristo nos libertou do pecado e da morte. N’Ele reside a nossa vitória definitiva. Falando aos Coríntios, e também a nós, ele traz uma bela exortação: “Sede firmes e inabaláveis, empenhando-vos cada vez mais na obra do Senhor, certos de que vossas fadigas não são em vão” (v. 58).
Jesus, no evangelho, faz uma severa advertência aos falsos mestres: “pode um cego guiar outro cego?” (v.39). É uma crítica aos fariseus, e a tantos de todos os tempos, que com doutrinas erradas se opõem à sua mensagem. O verdadeiro mestre será sempre um discípulo de Jesus, o mestre por excelência. A doutrina a ser apresentada não poderá afastar-se daquilo que Jesus disse e ensinou (v.39-40). É preciso estar com os “olhos” abertos a fim de não nos deixarmos conduzir por (des)caminhos que nos afastam do verdadeiro caminho que é Jesus. “O homem bom tira coisas boas do bom tesouro do seu coração” (v.45).
Controlo a minha boca, usando-a para coisas boas ou más? Do que está cheio o meu coração, de amor ou de ódio e ressentimentos? Empenho-me com as obras de Deus, comprometido em viver os ensinamentos da fé e anunciá-los a meus irmãos e irmãs? Vivo com cegueira espiritual ou procuro, para mim, a luz de Deus?
Senhor, meu Deus, dá-me a graça de ouvir a tua Palavra e acolher, em meu coração, os teus santos ensinamentos, a tua luz. Que a minha boca proclame, eternamente, o teu louvor. Liberta-me das más inclinações e eu possa testemunhar a todos, com boas obras, minha fé em Ti. Amém.
Pe Marcelo Santiago