FESTA DE SÃO JOSÉ, ESPOSO DE MARIA
Não existe no plano bíblico, acredito, uma vocação dada ao silêncio e à justeza mais encantadora que aquela vivida por São José!
Todos os símbolos postos neste evangelho marcam a serenidade daquela vocação que deve nos encantar e nela buscar inspiração para podermos viver nossa própria vocação.
Se observarmos, o evangelho é dividido em dois momentos, a saber, o momento do olhar humano e o momento do olhar humano acompanhado da graça de Deus que insere São José no mistério da Encarnação de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Penso que São José, naquele primeiro momento, ao perceber a gravidez de Nossa Senhora tem seu coração tomado por vários pensamentos humanos, até mesmo de uma possível traição ao compromisso esponsal já firmado com José. O olhar daquele homem, puramente humano, leva-o ao afastamento, ao abandono de Maria, deixando-a solitária na caminhada de gestar o Filho de Deus.
Nesse momento, José volta para sua casa com aquela desilusão comum nascedoura no coração humano quando se vê destruído pela traição de quem ama... Mas mesmo ferido e sem compreender porque sua prometida o ferira daquela forma, mantem-se justo diante de seu amar: não a denuncia.
Imaginemos se José houvesse permitido que o ódio e o rancor tomassem conta de seu coração? Com certeza seria ainda mais difícil a vida de Maria que, naquela ocasião, poderia ser morta por apedrejamento. O silêncio de José é protótipo da esperança de salvação e um sacrifício feito para que o Verbo de Deus encarnasse em nossa história.
Ao silêncio de José e sua justeza cabe uma resposta, e assim como um anjo se dirige a Maria, Santa Mãe do Senhor, o anjo se dirigirá a José Justo e santo e sua resposta, mesmo que não se tenha ouvido, foi semelhante à de Maria: faça-se! Cumpra-se!
Interessante a fala do evangelista: quando acordou, José fez conforme o anjo do Senhor havia mandado, ou seja, a saída do sono da dúvida que havia brotado no coração de José é como um “acordar”, sair do estado de sono, da torpeza que a noite da incerteza nos provoca. José “cumpre o que o Anjo manda”, José cumpre a vontade do Senhor sobre sua vida.
Toda vida e história de São José muda no mesmo propósito de Nossa Senhora, cumprir a vontade de Deus: deixar nascer, dar um nome símbolo do compromisso de Cristo, cuidar e zelar do Filho de Deus.
Ele cumpre seu compromisso e leva-o a bom termo!
O silêncio de São José ensina-nos a paciência diante dos fatos de nossas vidas que não conseguimos compreender, e a deixarmos que Deus conduza nossas histórias conforme o beneplácito de sua vontade inequívoca.
São José também nos ensina a justeza. Ser justo significa ajustar-se à vontade de Deus, à sua Palavra que promete a José uma descendência que duraria para sempre. Nesse diapasão, hoje, em Jesus Cristo, somos descendência da casa de São José.
Caros irmãos e irmãs, as virtudes do silêncio e da justiça que faziam parte da essência de São José possam também ser a todos nós concedidas em abundância para que nossa resposta de fé no chão deste mundo possa ser um acolhimento constante da vontade de Deus em nossas vidas e que a acolhamos no mesmo sentimento de quem acolhe Jesus em sua vida, tal qual São José fez e nos ensinou a fazer.
Com São José, esposo da Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus e nossa, saibamos reconhecer o valor de um Sim generoso a Deus.
Pe. Jean Lúcio de Souza
Vigário Paroquial – Paróquia Sagrado Coração de Jesus – Mariana/MG