Na liturgia deste sexto domingo da páscoa sobressai a promessa de Jesus de acompanhar, de forma permanente, a caminhada da sua comunidade em marcha pela história: não estamos sozinhos; Jesus ressuscitado vai sempre ao nosso lado.
A primeira leitura apresenta-nos a Igreja de Jesus a confrontar-se com os desafios dos novos tempos. Animados pelo Espírito, somos chamados a aprender a discernir o essencial do acessório e atualizar a proposta central do Evangelho, de forma que a mensagem libertadora de Jesus possa ser acolhida por todos os povos. Foi a decisão do Concílio de Jerusalém, a uma questão levantada por cristãos provindos do judaísmo, a de que não se pode impor aos gentios a lei judaica; só Cristo basta.
Na segunda leitura, apresenta-se mais uma vez a meta final da caminhada da Igreja: a “Jerusalém messiânica”, essa cidade nova da comunhão com Deus, da vida plena, da felicidade total. Após a intervenção definitiva de Deus na história nascerá, então, essa nova “cidade” construída sobre o testemunho dos apóstolos. Cidade de portas abertas, ela acolherá todos os homens que aderirem ao “Cordeiro”, que é Jesus Cristo. Nela, eles encontrarão Deus e viverão na sua presença, recebendo a vida em plenitude.
No Evangelho, continuamos no contexto da “ceia de despedida”. Jesus, que acaba de fundar a sua comunidade, dando-lhe por estatuto o mandamento do amor (Jo 13,1-17;13,33-35), vai agora explicar como é que essa comunidade, após a sua partida, manterá a relação com Ele e com o Pai. Ele enquanto esteve no mundo, percorreu um “caminho” – o da entrega, o do serviço, o do amor total. É nesse caminho que o ser humano se realiza. Para seguir esse “caminho” é preciso amá-lo e guardar a sua Palavra, que é palavra do Pai, acolhendo o “paráclito”, isto é, o Espírito Santo (v. 25-26).
Acredito e me confio à ação do Espírito Santo para me conduzir em minha vida e missão? Procuro viver como discípulo missionário no seguimento a Jesus Cristo? Guardo a Palavra de Deus? Estou disposto a viver as consequências da fé autêntica?
Senhor, Pai bondoso, dá-me percorrer, sob a ação do teu Santo Espírito, o caminho que testemunhastes em teu Filho Jesus, o caminho da entrega, do serviço e do amor total. Que minha vida corresponda aos mistérios da fé que celebro. Amém.
Padre Marcelo Santiago