Senhor, criaste-nos para Ti e nosso coração vive inquieto enquanto não repousar em Ti!” – Santo Agostinho
A comunidade dos fiéis possui algo que acredito ser fascinante: a possibilidade de diálogo sobre os Mistérios de nossa fé.
Essa semana, partilhando um pouco sobre questões de liturgia com um amigo, estávamos comentando sobre a Solenidade da Santíssima Trindade. O assunto rendeu e foi longe... Por fim, esse amigo, disse uma coisa que achei interessante e partilho com vocês.
Quando o Mistério da Santíssima Trindade deixar de ser, já não seremos mais!
Que isso significa? Muita coisa! Significa que entender o Mistério da Santíssima Trindade é impossível, mas viver a dimensão do Mistério nas Comunidades e em nós mesmos sempre será possível, porque é assim que o Senhor deseja: que possamos viver o Mistério enquanto dom e quando estivermos todos profundamente imersos nesse Mistério seremos tudo no Tudo na divina ressurreição.
Nele, podemos dizer como no livro do Cântico dos Cânticos, “meu amado é meu e eu sou dele!”. Somos de Deus e em Deus nos movemos e somos, pois assim aprendemos nos Atos dos Apóstolos, nós somos de sua raça e em Jesus Cristo, participamos do Mistério Divino da Trindade Santa.
Porém, um dia, a contemplação desse Mistério será diferente, agora, hoje, é tudo muito confuso, porém não deixa de nos atrair, de nos seduzir no amor, mas um dia esse mistério será “no face a face” (1Cor. 13,12). Aí, nesse momento, nossa alegria por estarmos no Tudo haverá de ser perfeita.
Por isso, hoje vivemos em nossa pessoalidade e em comunidade a beleza da Fé Trinitária, desse Mistério insondável, mas sempre convidativo a vivermos a sensibilidade da Comunhão com Deus que buscamos e desejamos glorificando ao Pai, pelo Filho, no Espírito Santo.
Será no Espírito Santo que toda Palavra do Pai proclamada pelo Filho será por nós ecoada, porque a buscamos compreender no Espírito e vive-la na intensidade do amor do Coração de Jesus. Assim vivemos esse Mistério já no hoje de nossas vidas.
Em Cristo nos tornamos filhos no Filho, ungidos na força e graça do Espírito para cumprirmos em tudo a vontade do Pai.
São João nos ensina mais, em sua carta, sobre vivermos esse Santo Mistério: “Amados, desde já somos filhos de Deus, mas o que nós seremos AINDA não se manifestou. Sabemos que por ocasião desta manifestação seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é”!
Não é nosso desejo querermos mergulhar no conteúdo Dogmático sobre a Santíssima Trindade, mas é bom sabermos, que ao dizermos sim a Deus nós nos comprometemos com essa realidade Divina a qual cremos e professamos sempre, como nos ensina o Catecismo da Igreja Católica. Cremos e professamos com nossas palavras e ações, com a inteireza de nossas vidas. Desejamos esse Infinito de Deus e desejamos estar nesse infinito, nossa alma anseia por Ele essa é a atração do Mistério celebrado no dia de hoje.
Que jamais nos afastemos desse Mistério e que o Senhor Deus sempre nos atraia para si em seu amor!
Paz e bênçãos!
Pe. Jean Lúcio de Souza
Vigário Paroquial da Paróquia Sagrado Coração de Jesus.