O profeta Ezequiel, na primeira leitura, fala a respeito do rei de Tiro que acreditava ser de descendência divina, dotado de sabedoria e poder sem iguais. Insensato ele, diz o profeta, não passa de um simples homem, destinado à morte humilhante. Morrerá como os incircuncisos, ou seja, longe de Deus (v. 10), assim ele profetiza. Para nós, fica um alerta: a história registra grandes reinos e seus comandantes indo ao fracasso. Então, nada de prepotência ou de autossuficiência, pois, em verdade, é Deus quem tira a vida e é só Ele quem faz viver.
No Evangelho, Jesus nos fala do risco das riquezas, a nos gerar cegueira, e da recompensa dos que dela desapegam. A promessa é a de que quem assim o faz receberá cem vezes mais, nesse mundo, e terá como herança a vida eterna (v.29). Na perspectiva do Reino de Deus e de seu projeto de vida, de salvação e felicidade, devemos estar atentos em usar dos bens terrenos com justiça e misericórdia. Eles não podem ser um fim em si mesmos, mas um meio que nos leva a Deus e aos irmãos, ajudando-nos a alcançar os bens eternos. Acolhamos este ensinamento: sejamos mais generosos, desapegados, partilhemos o que somos e temos.
Vivo com prepotência, mais confiando em minhas habilidades do que na graça de Deus? Fico preocupado em acumular, avidamente, bens deste mundo ou em viver com dignidade e saber partilhar? Há em mim a preocupação sensata por ajuntar os bens que não passam?
Senhor, meu Deus, reveste-me de verdadeira humildade. Que eu não seja presunçoso, mas reconheça que sem a tua graça e bênção eu nada sou. Dá-me discernimento no uso dos bens terrenos para que eu possa alcançar os bens que não passam e viver, um dia, a bem-aventurança eterna. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago
Pároco