O livro do Apocalipse, ou seja, da “revelação” não foi escrito para incutir medo em nós, até porque a fé não se vive por medo, mas por amor, em resposta ao amor primeiro de Deus. Em sua linguagem própria, com sinais e figuras, ele suscita em nós esperança diante da vitória de Cristo crucificado-ressuscitado que vence o maligno. Isto nos dá coragem, como aos primeiros cristãos, de enfrentar as tribulações da vida, na certeza de que Deus tem a palavra final, e a vitória do Cristo é também sinal de nossa vitória definitiva sobre a morte e o pecado. Na sua introdução, como vemos hoje, João nos faz um alerta: “é preciso escutar e por em prática o que está escrito na profecia” (v.3). De fato,a bem aventurança é simultaneamente dom de Deus e resultado de nosso empenho pessoal. Sejamos instrumentos da graça e bênção de Deus, uns para os outros. Digamos sim ao chamado e à missão que Ele nos confere.
O Evangelho nos mostra o itinerário de fé do cego de Jericó.Um itinerário que somos chamados a percorrer na atual situação da Igreja e do mundo em que vivemos, onde também não faltam tribulações. O cego, sentado à beira do caminho, apercebe-se da presença de Jesus e grita duas vezes: “Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim!” (vv. 38 e 39). Queria uma cura completa: da cegueira física e da cegueira espiritual, porque tinha intuído a verdadeira identidade de Jesus. Como o cego, somos chamados a pedir a Jesus: “Senhor, eu quero enxergar de novo” (V. 41). Aquele homem foi curado da cegueira física e também espiritual, pois nos diz o Evangelho que ele, recuperada a visão, começou a seguir Jesus e a louvar a Deus. Temos aqui um itinerário de fé completo: do dom recebido ao dom comunicado. Esse foi o itinerário do cego de Jericó e deve ser também o nosso.
Busco colocar em prática os ensinamentos da fé? Vivo atento à voz de Deus? Peço a Deus constantemente para que limpe as minhas vistas, me cure de toda cegueira? De que “cegueiras” preciso ser curado?
Senhor, meu Deus Salvador, quero pedir-te, hoje, a graça que Te pedia o cego de Jericó. Tem compaixão de mim. Ilumina-me para que eu Te veja e, em Ti, veja a vontade do Pai, veja o seu amor por mim e me deixe conduzir pelo Teu Santo Espírito. Que jamais as tribulações da vida e do mundo me façam desanimar e perder a esperança. Que, em todos os momentos e situações, me dê conta da tua presença ao longo do caminho e eu seja reanimado no amor, na fé e no fervor inicial. “Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim!”. Faz que eu veja para Te seguir, para Te servir, para cantar o teu amor e servir os meus irmãos e irmãs. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago