Um tesouro, sempre será um tesouro. Em qualquer tempo, em qualquer época, um tesouro quer seja encontrado, ou comprado, ou herdado sempre guarda sobre si duas verdades: lugar onde se guarda e seu valor. O primeiro sempre em detrimento do segundo.
Pois bem, o tesouro de Deus-Pai, seu Primogênito, precisava ser guardado em lugar fortificado, bem protegido e digno de seu valor. Não esperava nada menos, por óbvio, que o próprio Pai, por causa do grande dom de Si, edificasse e construísse um lugar seguro para seu tesouro, purificando, fortalecendo e dignificando o lugar onde Seu tesouro seria guardado.
E assim, a Igreja ano após ano, na voz do Papa Pio IX, vem proclamando, quão admirável graça foi concedida à singela fortaleza que protegeu o Tesouro de Deus, Jesus Cristo! E nós proclamamos uníssonos com ele, que:
“A doutrina que defende que a beatíssima Virgem Maria foi preservada de toda a mancha do pecado original desde o primeiro instante da sua concepção, por singular graça e privilégio de Deus onipotente e em atenção aos merecimentos de Jesus Cristo salvador do gênero humano, foi revelada por Deus e que, por isso, deve ser admitida com fé firme e constante por todos os fiéis.”
Caríssimos, essa fortificação singela é Maria, a Imaculada Mãe do Senhor! Ela, toda pura e sem mancha, recebeu em seu ventre o tesouro de nossa Salvação e seu sim sem reservas, sua entrega total e constante e seu desejo de sempre cumprir a vontade de Deus tornou-a capaz de receber Jesus em seu corpo e em sua vida.
Ela se tornou para Deus lugar fortificado, torre de guarda, morada de Deus! E cantamos essa graça no Santo Ofício da Imaculada Conceição:
Deus a escolheu
e, já muito antes,
em seu tabernáculo
morada lhe deu.
Somente aquela que “é cheia de graça” e tendo o Senhor consigo, pôde recebê-Lo e guardá-Lo. Somente aquela que ouviu a saudação do Anjo do Senhor é digna de esperançar em nosso favor! Ela é a eleita segundo a vontade de Deus nosso Pai e Senhor Eterno, Amém! Por essa razão o Anjo lhe diz “o Senhor é contigo” tornando-se a confirmação da promessa do Eterno, seu compromisso com o povo, Ele está próximo de nós!
Sim, Ele assume nossa realidade em plenitude no ventre puríssimo de Maria para ser conosco plenamente e ela O recebe porque, sem dúvidas é a eleita de Deus.
A presença e a ação do Espírito Santo de Deus que, de modo sublime fecunda o ventre e a vida de Nossa Senhora, permanece na continuidade do Gerado, Jesus – o Senhor Salva, Ele é nossa alegria e luz.
Celebrar a festa da Imaculada Conceição de Maria é celebrar aquela porta que se abre em esperanças fecundas para toda humanidade porque o Senhor olhando para a humildade de sua serva apiedou-se de seu povo. Ela tenda santa da nova aliança, pelos méritos do Senhor, sem mancha, coopera de maneira potente com a história da salvação de si e de todos os seus.
Celebremos Maria, Mãe e Imaculada e rezemos com o Papa Bento XVI esta oração maravilhosa de saudação à Beata Virgem Maria, a Imaculada Conceição, Mãe de Deus e nossa!
Sim, desejamos agradecer-te, Virgem Mãe de Deus e nossa Mãe amadíssima, pela tua intercessão em favor da Igreja. Tu, que ao aceitar sem hesitações a vontade divina, te consagraste com todas as tuas forças à pessoa e à obra do teu Filho, ensinando-nos a guardar no coração e a meditar em silêncio, como tu fizeste, os mistérios da vida de Cristo.
Tu, que fostes até ao Calvário, sempre profundamente unida ao teu Filho, que na cruz te deu como mãe ao discípulo João, faz com que também nós te sintamos sempre próxima a cada passo da nossa existência, sobretudo nos momentos de sombras e de provações.
Tu, que no Pentecostes, juntamente com os Apóstolos em oração, imploraste o dom do Espírito Santo para a Igreja nascente, ajuda-nos a perseverar no seguimento fiel de Cristo. A ti dirigimos com confiança o olhar, em sinal de esperança certa e de conforto, enquanto não vier o dia do Senhor" (n. 68).
A ti, Maria, invocam com oração insistente os fiéis de todas as partes do mundo para que, glorificada no céu entre os anjos e os santos, intercedas por nós junto do teu Filho "enquanto todas as famílias dos povos, quer as que se distinguem pelo nome cristão, quer as que ainda ignoram o seu Salvador, em paz e concórdia estejam felizmente reunidas num só povo de Deus, para glória da santíssima e indivisível Trindade" (n. 69).
Amém!
Pe. Jean Lúcio de Souza