“O cetro não será tirado de Judá, nem o bastão de comando dentre seus pés, até que venha Aquele a quem pertencem, e a quem obedecerão os povos.” (Gn. 49,10)
Caríssimos (as),
Hoje a Liturgia da Palavra liga-nos muito estreitamente à Liturgia de sábado que alcança suas alegrias na liturgia deste Domingo.
Se observarmos bem, o autor do livro do Gênesis pincela a esperança do povo antigo dizendo sobre Aquele que vem e que todos os povos haverão de obedecê-lo.
Essa esperança anunciada é vivenciada igualmente, como podemos perceber, na profecia de Isaías, na primeira leitura de hoje, quando o profeta comunica a Acaz: “eis que a jovem está grávida e dará à luz um filho” (Is 7,14).
Miquéias também irá dizer sobre essa esperança: “por isso ele os abandonará até o tempo em que a parturiente dará a luz” (Mq 5,2).
O que queremos dizer? Temos dito durante esses dias que o tempo do Advento é tempo também de esperança e nossa esperança está alicerçada na promessa de Deus que enviará o rei-Messias que, reinando, trará consigo o sinete da realeza incorruptível, a justiça e a unidade - “então o resto de seus irmãos voltará” (Mq 5,2).
Ora, se abrirmos o coração para contemplar na fé essa mensagem, compreendemos que a promessa contida no livro do Gênesis foi cumprida com força profética e dentro da casa de Davi. O rei nascerá nessa linhagem e será absoluto. Ele, o prometido, é o cumprimento da esperança messiânica, não há outro que se deve esperar, essa é a mensagem dos discípulos de João a ele mesmo: vimos coisas maravilhosas!
O sinal dado à casa de Davi – o Senhor mesmo vos dará um sinal – é o próprio Senhor nascido daquela jovem que na docilidade Mariana torna-se participante da genealogia real e reparadora através do justo José.
José assume na legalidade hebreia Jesus, o insere naquele contexto profético tornando-O herdeiro da casa que recebe o sinal de Deus, ou seja, o Deus Conosco.
A genealogia é inserida na véspera deste domingo para dizer a toda comunidade que em nosso tempo a promessa do Senhor foi cumprida. A jovem virgem concebeu, está grávida, é tangida pelo Pastor Eterno, Ele mesmo cuidará dela e não permitirá que viva só, que seja abandonada, desamparada. Ele acorda José da desesperança e sinaliza que no ventre de Maria encontra-se a promessa de Israel. Sim, a "ovelha-mãe" está grávida da promessa. Sim, é ela que leva no ventre o sinal de Deus. Cabe a José o dever de cuidado.
O compromisso de José também é extremo. Reconhecendo o Dom de Deus anunciado e vivo no ventre de Maria, José deverá assumir outros compromissos, dar o legado real e o nome a seu Filho.
Como bem expressa Daniel Harrington, se a genealogia atribui a Jesus “o direito a um lugar na genealogia messiânica, por intermédio de José está a decisão de fazer de Jesus uma criança davídica”, herdeira daquele trono eternal.
Atribuindo, portanto, ao Cristo a realeza e o trono de Davi por herança legal, será José também que dará a Jesus o primeiro sinal de sua missão: “e tu o chamarás com o nome de Jesus, pois Ele salvará seu povo”. Salvará de fato resgatando toda casa de Davi devolvendo-lhe a dignidade. Salvará de fato, porque Jesus (Salva) é o Deus conosco (Emanuel) que, estando do meio de seu povo não o desampara, mas resgata, cura e estabelece a justiça.
Que a santa alegria deste Advento nos faça dizer hoje com mais alegria e intensidade: Maranatha... Vem Senhor Jesus, vem salvar seu povo, complete em nós nossa esperança!
Pe. Jean Lúcio de Souza