Na primeira leitura, do livro do Gênesis, vemos que a mulher e o homem, tentados pelo maligno, desobedeceram a Deus, comendo do“fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal”. O relato nos surpreende, pois Deus procura o homem: “onde estás?” para lhe dizer que não o abandona, apesar do pecado. No diálogo com eles, age para os ajudar a tomar consciência do seu pecado. As consequências do pecado são temperadas pela misericórdia. O homem e a mulher não morrem, como estava previsto. A sua vida terrena será penosa, como continuamos a verificar em nós mesmos, mas não é posta sob o signo do castigo e da maldição. A serpente, sim, é amaldiçoada. O homem e a mulher, não. Assim Deus age conosco, sempre pronto a nos perdoar. Ele nos ama incondicionalmente. Prova inconteste, é a de que Ele não poupou a vida de seu Filho Jesus, mas a entregou por todos nós, em sua imolação de cruz.
No Evangelho, vemos a compaixão de Jesus suscitada pela miséria física daquela gente que andava com Ele havia três dias. É este sentimento de compaixão que provoca o milagre. É esse mesmo sentimento que deve nos levar à partilha, na comunidade, em favor dos mais necessitados e empobrecidos. Aqui também vemos uma alusão à Eucaristia, tal como era celebrada pela comunidade judeu-helenista de Cesaréia, onde nasceu o Evangelho de Marcos. O evangelista realça a multiplicação dos pães como prefiguração deste sacramento e das suas implicações. Comungar do corpo do Senhor é comungar da vida do irmão.
Confio na misericórdia divina? Reconheço que só a Deus compete o conhecimento do bem e do mal e a nós, obedecer a sua santa vontade? Tenho compaixão dos que mais sofrem? Sei repartir o que sou e o que tenho com meus irmãos e irmãs? Celebro a Eucaristia como comunhão filial com Deus e comunhão fraterna de irmãos?
Senhor, só Tu podes saciar a minha fome. Sacia minhas necessidades e anseios, pelo teu infinito amor e misericórdia. Conceda-me a graça de aceitar e sempre agradecer pelo alimento material e espiritual que me dás. Que eu saiba, Senhor, partilhá-lo com meus irmãos e irmãs. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago