No texto de hoje, do livro do Gênesis, nos perguntamos: Porque Deus agradou da oferenda de Abel e não com a de Caim? Não sabemos. As escolhas divinas são gratuitas e incontestáveis, mas sabemos que o seu amor se dirige a todos. Deus ama cada ser humano incondicionalmente. O texto nada diz sobre as razões do agrado ou do desagrado de Deus, nem sobre as razões do conflito entre os dois irmãos. Esse conflito levou ao primeiro homicídio da história, mostrando o ódio fratricida, fruto do ciúme e da inveja. Serão também o ciúme e a inveja que hão de levar à venda de José pelos irmãos (Gn 37, 26s). Jesus será entregue a Pilatos por causa da inveja dos chefes dos judeus (Mc 15, 10). Muitas vezes é o ciúme motivado pelos dons que descobrimos nos outros e não vemos em nós, o que nos leva a “tramar” contra a vida de nossos irmãos e irmãs. A história, infelizmente, se repete.
No Evangelho, vemos que os fariseus não reconhecem o valor do milagre da multiplicação dos pães, realizado por Jesus. Daí a provocação: dá-nos “um sinal do céu” (v. 11). Jesus percebe a intenção dos fariseus e lhes responde, de imediato: “sinal algum será concedido a esta geração” (v. 12). Não há prodígio e nem sinal capaz de convencer quem não quer deixar-se convencer.
A expressão «esta geração» (v. 12), na literatura profética, indica o povo de Israel infiel à Aliança, que exige sempre de Deus novas manifestações do seu poder. Mas pode também se dirigir a nós quando mais procuramos os sinais de Jesus do que o Jesus que realiza sinais, ou seja, quando ficamos sempre à procura de novos sinais para acreditar.
Ofereço a Deus o melhor dos meus frutos, do meu trabalho e da minha vida? Guardo ódio das pessoas e procuro prejudicá-las, por ciúme ou inveja? Cobro sinais de Deus para acreditar? O que me motiva: Jesus ou os sinais de Jesus?
Senhor, meu Deus, olhai com benevolência e agrado para a minha oferenda. A Ti, ofereço o que sou, tenho e faço, minhas alegrias e dores. Dignai-vos aceitá-la como aceitastes os dons de Abel, vosso servo; o sacrifício de Abraão, nosso pai na fé, e a oblação pura e santa do teu Filho Jesus. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago