O dilúvio termina gradualmente, à medida que as águas vão secando. Noé procura conhecer a situação da terra, soltando repetidas vezes uma pomba. Quando ela volta trazendo no bico um raminho de oliveira, compreende, e nós também, que a misericórdia prevaleceu sobre o juízo, e que a terra é de novo habitável. A pomba, com o ramo de oliveira no bico, torna-se um símbolo de paz. Depois do dilúvio e do sacrifício, Deus decide não voltar a amaldiçoar a terra por causa do homem, “pois as tendências do coração humano são más, desde a juventude” (v. 21). O dilúvio é um convite à vida nova, à Aliança com Deus, lavados nas águas batismais, como novas criaturas, libertadas do pecado e da morte.
A cura do cego de Betsaida é propositadamente colocada por Marcos num contexto onde se fala da cegueira dos fariseus e dos discípulos. O milagre se realiza em dois tempos: primeiro o cego vê confusamente: “Vejo os homens; vejo-os como árvores a andar” (v. 24); depois, quando a cura está completa, vê claramente: “ficou restabelecido e distinguia tudo com nitidez” (v. 25).
Jesus não quer atitudes triunfalistas. Por isso, ao despedir o cego curado, recomenda-lhe que não entre na aldeia (v. 26). Quem tem verdadeira fé crê nos milagres e não por causa dos milagres. Os milagres vêm depois da fé, de tal modo que, se não há fé, ou se ela é fraca, nem sequer acontecem milagres. A fé não vem dos milagres, mas os milagres a pressupõem. De outra parte, o modo humilde e progressivo como Jesus cura aquele cego nos ensina que, na vida espiritual, precisamos de muita paciência. Não podemos estar à espera de resultados imediatos. A nossa compreensão da misericórdia divina avança ao ritmo da nossa cura, que Ele mesmo realiza, com muita paciência.
Sou instrumento de paz? Vivo, com frutos, à luz da fé, a Aliança com Deus pelo batismo? Deixo-me curar por Deus diante das cegueiras que trago? Tenho verdadeira fé em Deus, acreditando que Ele pode me curar?
Senhor Jesus, abre os meus olhos para que possa ter de Deus, não uma ideia errada e pobre, mas verdadeira fé que suscite em mim o sentido da adoração, da admiração e da gratidão. Toca-me, unge-me com o teu Espírito, cura-me. Iluminado por Ti, avançarei confiante e sereno pelo caminho da fé e da santidade. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago