O livro do Gênesis expressa a convicção sobre a unidade humana, apesar da diversidade com que ela se apresenta, constituída em vários povos e línguas. Deus deseja a unidade na diversidade e isto também explica a dispersão das nações sobre a terra. O episódio da “Torre de Babel” representa a tentação humana, sempre recorrente, de fugir do desígnio de Deus. O que querem? Querem ter uma cidade e uma torre para manter a unidade linguística e política que evite ou dificulte a dispersão e faça deles um “império”. Deus intervém, nos mostra o Gênesis, não para punir, mas para repor o seu projeto inicial. Isto será importante para os homens, embora não o compreendam agora. A variedade dos povos e das línguas sobre a terra não é fruto de uma condenação imposta por Deus, mas fruto de sua benevolência, para a felicidade e a realização da criatura humana. A vocação original do homem está em fazer comunhão na diferença.
O Evangelho nos mostra que quem quer seguir Jesus não pode pretender para si o lugar central, mas fazer-se discípulo d’Ele, colocar-se atrás para segui-lo. Concretamente há de tomar a cruz e, seguindo seus passos, sair com Jesus da “cidade”, rumo ao suplício, à entrega de si mesmo. Só ganha a vida, que é Jesus, quem estiver disposto a renunciar a si mesmo. E é verdade: para que serve ter tudo, se não se ganha a vida?
Sou instrumento de unidade e comunhão na diversidade, sabendo viver em meio às diferenças? Reconheço a diversidade dos povos e nações como um valor, uma riqueza para toda a humanidade? Coloco-me, no meu lugar, no seguimento de Jesus ou busco holofotes, prestígios e reconhecimentos? Assumo a “minha cruz diária” com amor, entrega e confiança em Deus e colaboração com Ele?
Senhor Jesus, quero estar inteiramente disponível para servir em teu Reino, onde e como o Pai assim o dispuser. Novamente me entrego a Ti em espírito de amor, de imolação e de serviço, segundo o chamado que me fazes. Que eu possa seguir-te, renunciando a mim mesmo, consagrando-me inteiramente ao Pai, para melhor servir a meus irmãos e irmãs. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago