O capítulo 2 do Eclesiástico começa com as palavras: “Meu filho, se entrares para o serviço de Deus, prepara a tua alma para a provação” (v. 1). Logo a seguir, indica algumas regras práticas de comportamento para superar a provação: “Endireita o teu coração e sê constante, não te perturbes no tempo do infortúnio. Conserva-te unido a Ele e não te separes, para teres bom êxito no teu momento derradeiro. Aceita tudo o que te acontecer, e tem paciência nas vicissitudes da tua humilhação” (vv. 2-4). A provação é dura. Mas se usarmos os meios indicados, podemos superá-la e verificar a autenticidade do nosso compromisso. Depois destas recomendações, o sábio exorta ao temor de Deus. Não se trata de ter “medo” de Deus, mas de abandonar-se a Ele confiadamente, na certeza de que nos protege: “Confia em Deus e Ele te salvará, endireita os teus caminhos e espera nele” (v. 6). “Ele é o protetor dos que o procuram de coração sincero” (v. 11).
No Evangelho, temos o segundo anúncio que Jesus faz da sua paixão. Aqui não se diz quem serão os autores da morte de Jesus. Os discípulos nem se atrevem a fazer perguntas, pois andavam ocupados com outros pensamentos. Discutiam sobre quem deles seria o primeiro no reino que Jesus iria inaugurar. Jesus admite que tem que haver um “primeiro”, mas não à maneira deste mundo. Por isso, faz-lhes saber que será primeiro aquele que se dispuser a servir com humildade. “Servir”, em sentido bíblico, é servir a Deus e, portanto, também ao próximo. Quem quiser ser o primeiro “há de ser o último de todos e o servo de todos” (v. 35). Há aqui uma lição de humildade e de entrega de si na dor e no sofrimento, mas, sobretudo, no amor oblativo e desinteressado. Aquele que sabe ser o último e o servo, reconhece que tudo quanto possui lhe foi dado por Deus. É comparável a uma criança que recebe tudo e a todos com simplicidade e se abandona confiadamente nos braços dos pais, ou de quem dela cuida.
Sou firme diante das tentações que enfrento? Coloco-me, confiantemente, nas mãos de Deus e procuro colaborar com a sua graça? O que me ocupa mais: as vaidades deste mundo ou a alegria em servir? Testemunho o amor a Deus, amando o próximo?
Pai Santo, o teu Filho Jesus Cristo, depois de anunciar aos discípulos a sua morte, manifestou-lhes no monte santo o esplendor da sua glória. Mostrou assim que, pela sua Paixão, alcançaria a glória da ressurreição. Fortalece, com tua Palavra, a minha vida, para que eu vença as tentações do mundo e, unido a teu Filho, eu possa servir e servir sempre com amor. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago