O profeta Isaías, na primeira leitura, recorda que a Palavra de Deus é uma realidade viva, enviada do céu para realizar a salvação. Ela realiza o seu objetivo, tal como a chuva e a neve, que fecundam a terra e lhe dão capacidade de produzir frutos. Esta imagem enchia certamente de consolação o povo cativo em Babilônia, cuja esperança de regressar à terra encontrava apoio seguro na Palavra de Deus. A mesma Palavra deve nos encher de consolação e esperança, pois Cristo é a Palavra onipotente feita carne, enviada do céu para que a nossa terra dê o seu fruto. Ele, que por nós morreu e ressuscitou, abriu-nos um caminho para a vida e a salvação, o caminho para a casa do Pai.
No Evangelho, Mateus introduz o “Pai-nosso” no “Sermão da Montanha”, precedido por alguns ensinamentos de Jesus sobre o modo de rezar: não rezar como os pagãos, que julgam dever usar muitas palavras para atrair a atenção ou a benevolência das suas divindades (v. 7); Deus, nosso Pai, está sempre atento a cada um de nós e conhece aquilo de que precisamos (v. 8). Mais do que falar muito, há que ter, diante d'Ele, uma atitude de filhos e filhas. Jesus ensina-nos a chamá-Lo Abbá, isto é, pai, paizinho, introduzindo-nos na intimidade da comunhão que existe entre Ele e o Pai. Peçamos a Cristo que nos ensine a repetir o “Pai nosso” com o seu próprio Coração, para que cresça em nós, dia após dia, o amor filial e confiante para com o Pai celeste e cresça em nós a caridade em favor de nossos irmãos e irmãs. Em tudo, “seja feita a vossa vontade”.
Procuro acolher, em minha vida, a Palavra de Deus? Acredito, piamente, que ela produz bons frutos em mim? Tenho rezado regularmente e, pela oração, procurado criar maior intimidade com Deus? Como rezo o Pai-Nosso, meditando em suas palavras ou maquinalmente?
Ó Jesus, ensina-me a dizer “Pai-Nosso”. Infunde em mim o teu Espírito Santo, para que eu o diga com os sentimentos e as disposições que tinhas no teu próprio Coração. Aumenta em mim o amor filial e confiante no Pai e o amor generoso e cheio de compreensão e misericórdia para com os irmãos e irmãs. Que a tua Palavra fecunde o meu coração, por vezes árido, para que produza frutos de vida nova: de partilha do pão, de amor, de compaixão e perdão. Que, em teu nome, fazendo a vontade do Pai, eu possa saciar todos quantos eu encontre nos caminhos da vida. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago