Primeira sexta-feira do mês, dedicada ao Sagrado Coração de Jesus.
A conduta de cada pessoa, sendo personalíssima, levará cada pessoa a um fim específico, ou seja, sobre o que escolhermos, o caminho que se percorre nos levará até um fim desejado. Que fim seria esse? O bem ou o mal, a vida ou a morte, a benção ou a maldição.
As pessoas têm, muitas vezes confusas por causa das inúmeras situações da vida, o desejo de questionar Deus: por que Ele permite que o mal aconteça?
Acredito piamente que a questão não está na permissão do mal, a questão é anterior e está cravada no interior da ação que cada um resolve ter.
O resultado último desta ação nos liga em cadeia social e o bem que fazemos é comunicado e reverberará na sociedade como ato contínuo de bondade e justiça e, acreditem, o mal possui a mesma capacidade de se comunicar no meio da sociedade, de tal forma, que se formos injustos, nossas ações de injustiça serão comunicadas e produzirão frutos indesejados no meio do povo de Deus.
Nossa liberdade depende da execução de uma justa arbitragem frente nossos desejos, nossas condutas. Antes de agir, falar, omitir-se, devemos pensar bem sobre o fim de nossas ações e pensamentos. Para onde encaminharão nossas potencialidades comissivas ou omissivas?
Por isso o Senhor questiona a comunidade através da profecia de Ezequiel: “é a minha conduta que não é correta, ou antes é a vossa conduta que não é correta?” A esse questionamento devemos responder de modo individual e social.
Jesus sabia plenamente disso e interpela-nos sobre escolher qual tipo de justiça iremos assumir em nossas vidas a dos fariseus ou a justiça de Deus que nos pede para não nos encolerizarmos, para podermos vencer o rancor pela reconciliação ante o altar, para superarmos as guerras humanas quer sejam em nossas famílias, em nossos trabalhos, nas comunidades eclesiais, ou seja, em todos os âmbitos onde houver interação humana, devemos superar a justiça beligerante dos fariseus e assumirmos a conduta dos filhos e filhas de Deus, a conduta da misericórdia, linguagem do amor de Deus!
Assim, observando, e tendo zelo sobre nós mesmos, compreenderemos que sermos jogados na prisão, ou colocarmos alguém em uma prisão será o resultado de um ato, quer na vida social, quer na vida eclesial. Superar a justiça que se adéqua ao ódio, rancor, vingança, perseguição, preconceitos é desejo de Deus para podermos nos adequar à sua justiça que emana do amor, da misericórdia, do acolhimento, da libertação é adentrarmos naquele jejum perfeito de adequação da vida ao amor do Pai dilatado na profecia de Isaias: acaso o jejum que prefiro não é outro: quebrar as cadeias injustas, desligar as amarras do jugo, tornar livres os que estão detidos, enfim, romper todo tipo de sujeição? Não é repartir o pão com o faminto, acolher em casa os pobres e peregrinos? Quando encontrares um nu, cobre-o, e não desprezes a tua carne (Is 58,6.7).
Disto, de fato, emanará em nós e a partir de nós tal luz que a maldade se dissipará do chão deste mundo e o grande questionamento não será mais porque Deus “permite o mal”, mas o grande questionamento será “por que ainda não nos amamos o bastante?”
Pe. Jean Lúcio de Souza.