Ainda ontem falávamos sobre o zelo (ou atenção) que devemos ter sobre nossas ações (nossa conduta), devemos pois, pensar sobre o resultado final que desejamos antes de agir, tendo sempre diante de nós o desejo de Deus nosso Pai, que nos conduz ao bem e nos afasta do mal, assim agindo, sempre escolheremos o que agrada ao Senhor.
Aquele mesmo norte reflexivo está presente na liturgia da Palavra de hoje, portanto, aquela proposição do Senhor não se furta, ao contrário, acentua o desejo de que pudéssemos seguir Seus caminhos.
É bom considerarmos o caminho que tomamos na vida e para isso o autor do livro do Deuteronômio faz-se enfático: “hoje o Senhor teu Deus te manda cumprir esses preceitos e decretos. Guarda-os e observa-os com todo o teu coração e com toda tua alma”. Tendo os mandamentos do Senhor diante de nossos olhos e firmes em nossos corações o caminho caminhado será o de pertença ao povo de Deus.
Sermos o povo da pertença significa sermos o povo da presença.
Certa vez, fazendo retiro espiritual o padre jesuíta que nos orientava dizia que era preciso, pela fé, “sermos presença na presença do Senhor”. Se nossa oração nos ensina a reconhecer Deus Pai, se nos ensina a caminharmos tendo diante de nossos olhos o querer desse Pai tão querido e amado, tanto mais, somos convidados a descobrirmo-nos na presença do Senhor do amanhecer ao pôr do sol.
Quando nos colocamos na presença do Senhor Ele mesmo nos dá as mãos e nos ensina a caminhar e a agir segundo seu amor e ao Seu lado podemos dizer como o Salmista diz: quero louvar-vos com sincero coração, pois aprendi as vossas justas decisões. Quero guardar vossa vontade e vossa lei; Senhor, não me deixeis desamparado! É essa qualidade de presença que nos leva a dar um passo a mais...
Que passo seria esse? O passo da diferença quaresmal. Quando nos assentamos sobre a realidade posta diante de nós no cotidiano da existência e a contemplamos com o olhar de Deus, com o olhar de Sua presença amorosa, de Sua presença “agápica”, uma presença que se doa e só sabe se doar no amor, porque Ele mesmo é Amor, a qualidade do caminhar é potencializado no amor.
Portanto, esse é o passo desejado por Deus o passo a passo do amor no Amado Pai. Será esse passo que nos ensinará a máxima da vida quaresmal que nos impulsiona à Páscoa definitiva, o passo do sacrificante amar que nos edifica em paz e solidariedade, amar nossos inimigos e rezar por aqueles que nos perseguem. Sem essa potência eternal não saberemos edificar o reino de Deus. O amor do Pai age justamente onde há a desordem, onde tudo se perde, será no auge desse amar que Ele nos enviará seu Filho amado para que o bem querer de Deus nos fosse comunicado.
Aí há a perfeição, ou seja, a fé é o caminho que se percorre com o amor no coração, mas um amor que se doa no perdão, na misericórdia e reconciliação.
Essa é a vontade do Pai.
Esse é o caminho da perfeição...
Pe. Jean Lúcio de Souza