A incompreensão é o dano perverso trazido na liturgia da Palavra do dia de hoje e a incompreensão nasce de dois sentimentos terríveis: a inveja e a indiferença.
Quando observamos a figura do pai que concebe um filho na velhice esse filho (José), nasce como uma possibilidade, aquela que se remonta ao novo jeito de ser que os mais velhos não conseguiram perceber ou não conseguiram desenvolver no seio da família de Israel. Os mais velhos ouvem, mas endurecem o coração de tal modo, com tanto rancor e ódio nascidos da inveja e da indiferença que o desejo de morte é cogitado.
José é jogado numa cisterna, seus irmãos indiferentes a tudo que José representava ao pai sufocam suas possibilidades de regressar ao abraço de Israel, cegam o futuro caminhar e a alegria de viver de seu mais novo irmão.
A relação colocada no livro de Gênesis é aplicada em paralelo à parábola que Jesus conta no Evangelho aos anciãos irmãos. Ele é o Filho Amado onde está posto todo bem querer de Deus-Pai. Ele é o Filho Amado cuja túnica de mangas longas transfigura-se à frente do antigo (Moisés e Elias). Ele é o Filho Amado enviado para se encontrar com os mais velhos e com os vinhateiros de hoje, mas não é bem recebido – veio para o que é seu, mas os seus não o receberam – Ele torna-se desprezado para poder resgatar muitos que estavam perdidos nas mãos dos velhos irmãos.
A liturgia da Palavra nos apresenta essa relação conflituosa para exprimir que a figura de José manifesta em proporção drástica, a relação cheia de inveja e indiferença, a dos fariseus com Jesus. O contato entre o Novo e o Antigo cria uma atmosfera de perseguição e hostilidade, cálculos e estratégias de venda foram admitidos. Não percebem que o Filho Amado de Deus está no meio deles. Ele está não para destruir a história, mas para dar a essa mesma história um cumprimento pleno e libertador, onde a graça de Deus, por meio da Palavra Encarnada comunica o amor e a misericórdia de Deus.
A experiência da quaresma deve nos colocar na perspectiva do acolhimento daquele novo mandamento: amar. Quando amamos não temos tempo para guerras, perseguições, inveja e indiferença. A conversão implica em receber em nossas vidas o Filho amado de Deus e não sufocar seu Evangelho com nossas rabugices pessoais e comunitárias.
Pe. Jean Lúcio de Souza