As figuras do pastor e do pastoreio, bem como a figura da luz, aparecem de maneira acentuada no contexto da liturgia da Palavra deste domingo.
Na Primeira Leitura do Livro de Samuel encontramos a escolha de Davi e sua unção, enquanto escolhido para ser rei do povo de Deus. A escolha possui uma cena e um enredo muito oportunos, dada a observação de “como Deus escolhe o pastor”, ou seja, observando seu coração e que esse rei possui antes de tudo a missão de um cuidador de ovelhas, tem a missão pastoral e, por isso, a unção marca o início do serviço pastoral e real de Davi no Espírito de Deus.
A linhagem pastoril de Davi, que é uma linha real, manter-se-á incólume, por ser desejo de Deus, que confirmará a realeza de Davi no Rei eterno e supremo, Jesus Cristo, como está contido em 2Sm 7,12 – “suscitarei um filho teu, depois de ti, e confirmarei a sua realeza” – dessa forma o profeta confirma que o desejo de Deus é o desejo de um rei pastor e cuidador, que, de certo, iluminará e conduzirá o povo santo.
Esse Pastor Real possui uma missão eterna cantada no salmo: ele é o Pastor que conduz, Ele é o Pastor que guia, Ele é o Pastor que prepara a mesa e em sua casa haveremos de habitar pelos séculos infinitos.
Sendo assim, no Evangelho proclamado hoje, vamos nos encontrar com aquela missão do Pastor que é guia e nos conduz.
Jesus, o Filho de Deus, guia a comunidade enquanto Pastor, mas o Pastor que ilumina por sua Palavra que resgata e liberta. Quando nos aproximamos de Jesus e Ele nos toca somos curados de nossas cegueiras e saímos do vale da escuridão e da ignorância.
A dicotomia presente no texto de João é fantástica!
Há uma digressão de um lado e uma elevação de outro. A comunidade onde residia o cego de nascença, tendo recebido Jesus em seu meio, afasta-se Dele tornando-se cada vez mais cega em sua arrogância de homens e mulheres que se julgam perfeitamente escolhidos, portanto, já “salvos”, veem, mas não enxergam, e por seu próprio orgulho afastam-se da graça de Deus.
O cego, ao contrário, que não via desde seu nascimento, a partir de seu encontro com Jesus, Luz do mundo, vai se permitindo iluminar saindo das cegueiras física e espiritual para a plena visão diante do Filho do Homem, professando sua fé e configurando a sua vida ao mistério do Deus Palavra Encarnada, Luz do mundo.
Acorramos ao encontro do Senhor-Pastor, cuidador das ovelhas e que Ele nos cure e sejamos livres de nossas cegueiras!
Pe. Jean Lúcio de Souza