Quando, na Festa da Encarnação de Nosso Senhor Jesus Cristo, contemplamos nos primeiros versículos do Evangelho de João, o evangelista, já fazia menção à dificuldade que o Verbo Encarnado encontraria para fazer com que a vontade do Pai fosse conhecida.
No cap. 1, 11 São João declararia: “veio para o que era seu e os seus não o receberam”. À essa invectiva encontramos uma similar no cap. 5 que meditamos no dia de hoje, dado que agora, é o próprio Senhor que declara que a comunidade encontrou seu limite no endurecimento dos corações, por isso não o acolhe como dom de Deus – vós nunca ouvistes sua voz, nem vistes sua face, e sua palavra não encontrou morada em vós, pois não acreditais naquele que ele enviou – lamentável compreender que nos dias atuais a morada do Deus Palavra entre nós anda cada vez mais reduzida por causa da incredulidade humana.
Verdade que o Senhor Jesus não precisa de nosso testemunho, pois o testemunho que ele recebe do Pai é sobremaneira superior a qualquer testemunho humano.
As obras de Cristo são as obras ordenadas pelo Pai e dão esse testemunho eloquente de que Ele é o Messias, Ele é o Pastor, Ele é a fonte de água viva. O Senhor age segundo a vontade de Deus e essa ação é viva e eficaz podendo acontecer a qualquer tempo, local ou dia de semana, basta acolhermos o dom de Deus.
Quando a ação de Cristo passa despercebida em nossas vidas e não nos sentimos comprometidos com essa realidade de fé, massacramos nossos corações e nos deixamos corromper pelo mal.
Se Deus em Jesus Cristo não precisa de nosso testemunho, porque suas ações e obras falam por si como parte da ação do Filho do Homem, que compete a nós? A adesão!
Aderir à fé é um compromisso que estabelecemos com vida, uma vida recriada no amor de Deus e que nos afasta de todo tipo de corrupção social, eclesial, familiar e pessoal. Quando aderimos à vontade de Deus não sucumbimos ao ódio e à indiferença. Não compactuamos com a covardia e nem com as injustiças e começamos a, junto com o Cristo, realizarmos as obras do Pai.
Que a quaresma seja para todos nós a oportunidade de aderirmos integralmente à proposta do Evangelho.
Pe. Jean Lúcio de Souza