Na primeira leitura, dos Atos dos Apóstolos, vemos o conflito que levou ao Concílio de Jerusalém. As questões eram várias dividindo cristãos provenientes do mundo judaico e do mundo pagão, como: que valor tinha o Antigo Testamento, particularmente a Lei, em relação ao novo povo de Deus? Há continuidade no plano de Deus, supondo a novidade radical do cristianismo? Para ser cristão, era necessário aceitar a Lei judaica? O caminho que leva ao cristianismo terá necessariamente de passar pelo judaísmo? Quem quer tornar-se cristão terá de tornar-se antes judeu? É preciso aceitar o rito da circuncisão e outros pormenores da Lei para se alcançar a salvação? De fato, se o cristianismo queria ser universal, não podia impor práticas específicas de um determinado povo. Estas e outras questões exigiam a reflexão aprofundada da Igreja. Por isso, “os Apóstolos e os Anciãos reuniram-se para examinarem a questão” (v. 6). Tem-se início uma prática que caracterizará a Igreja, a dos concílios. Reunidos e sob a ação do Espírito Santo, elucidar as grandes questões em ordem à doutrina, como também da disciplina e de sua missão.
No Evangelho, a palavra-chave é “permanecer”. O “discurso de adeus” de Jesus centra-se, agora, na sua relação com os Apóstolos e sobre a comunhão real e profunda que há entre Ele e os que acreditam nele. É preciso permanecer n' Ele. Unidos a Ele hão de produzir muito fruto (15, 6). Ao contrário de Israel, videira infecunda e resistente aos cuidados de Deus (cf. Is 5), Jesus é a videira verdadeira, que produz frutos e corresponde aos cuidados do Pai. Com esta imagem, Jesus quer explicar a surpreendente união vital que oferece aos que nele acreditam, os compromissos que essa união implica e as expectativas de Deus sobre ela. Ele é a cepa santa donde brota a seiva que dá vida aos ramos e que neles produz frutos. Quem permanece unido a Ele, vive e pode dar frutos. Quem produzir frutos será purificado para produzir ainda mais. Esta purificação é realizada pela palavra acolhida no coração. Só produziremos abundantes frutos se permanecermos unidos a Ele.
Vivo minha fé, consciente do batismo que recebi, atento em seguir, como discípulo missionário, a Jesus Cristo, Senhor e Salvador? Sou atento em cumprir os preceitos da fé como me ensina a santa Igreja, através de seus pastores, o Papa e os bispos? Como “ramo”, estou ligado à “videira” que é Jesus Cristo? Que frutos venho produzindo?
Senhor Jesus, a união Contigo é, de fato, o princípio e o centro da minha vida. Contigo estou vivo, sem Ti estou morto, não sou nada! Dou-Te graças, Senhor, porque vieste ligar-me ao Pai, fonte de vida perene. Liga-me fortemente a Ti, para que não me torne um ramo separado, um ramo sem fruto. Faz-me compreender que a união Contigo é o caminho para a santidade e ajuda-me a vivê-la e a aprofundá-la na escuta da Palavra, na celebração da Eucaristia, no amor aos irmãos/as e na contemplação do teu Lado aberto e do teu coração trespassado. Que a união Contigo e na luz do teu Espírito, eu possa produzir muitos frutos, particularmente um ardente amor ao Pai e um generoso amor aos irmãos/as. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago