O texto de hoje, dos Atos dos Apóstolos, suscita em nós a confiança em Deus, que tem mais poder que os homens, e pode transformar as dificuldades em graça. Paulo e Silas tinham expulsado o espírito mal de uma mulher. Os seus senhores, que assim viram desaparecer uma fonte de rendimento, arrastaram os missionários à presença dos magistrados e acusaram-nos de criar desordem na cidade, apregoando usos contrários aos dos romanos. Os magistrados, sem grandes investigações, mandaram açoitar os acusados e puseram-nos na prisão, bem vigiados. Entretanto, dá-se a clamorosa conversão narrada no texto que hoje escutamos. O testemunho sereno dos prisioneiros, a sua lealdade, a série de eventos extraordinários, impressionam o carcereiro, que pergunta aos apóstolos: “Senhores, que devo fazer para ser salvo?” (v. 30). A resposta é simples e direta: “Acredita no Senhor Jesus” (v. 31). Assim, depois de Lídia, prosélita judaica, um funcionário romano, entra a fazer parte da comunidade de Filipos. A ação missionária da Igreja está sempre sujeita a vicissitudes idênticas às que Paulo e Silas tiveram de enfrentar. Mas há que prosseguir a missão, confiando em Deus e no seu poder. A história da Igreja mostra-nos como Deus, pela persistência e pela fé dos missionários, faz maravilhas.
No evangelho, Jesus anuncia a sua partida deste mundo, e afirma que ela é conveniente para os discípulos. Jesus fala da sua morte, que só poderá ser entendida à luz do Espírito Santo. O testemunho de Jesus, que os discípulos deverão dar, só será possível depois de entenderem quem é Jesus, o que significou a sua presença no meio de nós, e qual foi o sentido da sua morte e da sua ressurreição. E só o Espírito lhes pode dar esse entendimento. Os discípulos deverão sofrer perseguições. Mas elas lhe serão intoleráveis se não estiverem convencidos e seguros daquilo pelo qual serão perseguidos.
Além de dar testemunho de Jesus, o Espírito também acusará o mundo de pecado por tê-lo rejeitado. Os que abraçarem a fé ficarão esclarecidos sobre o erro do mundo, sobre o seu pecado de incredulidade. A condenação de Cristo foi inconsistente. A sua ressurreição condenou o príncipe deste mundo, isto é, o maligno, para sempre. Jesus, morto e ressuscitado, é o verdadeiro vencedor. Precisamos muito, hoje, deste Espírito que reforça os corações, que torna evidentes as razões para crer, e que dá coragem para nos opormos à mentalidade deste mundo cada vez mais seguro de si, e mais sedutor. A nossa luta contra o mal passa pelo anúncio do Evangelho, mas também pelo empenhamento em favor da justiça e da paz.
Acredito, piamente, na graça e no poder de Deus? Em meio às agitações da vida, sou perseverante na fé? Sou dócil à ação do Espírito Santo? À luz do Evangelho, me empenho pela justiça e a paz?
Vem Espírito Santo, para que eu possa resistir ao poder do mundo. Vê como sou fraco, tímido, e como as razões do mundo avançam na conquista do meu coração. Sem Ti, Espírito santo, sou como o sal que não salga, ou como a luz que não alumia. Enche-me de tua luz, Divino Paráclito, para que eu não fuja à luta e me faz profeta da tua verdade. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago