Na primeira leitura vemos Paulo deixar Atenas e se dirigir para Corinto, cidade cosmopolita, mais romana do que grega. Com uma boa situação geográfica, Corinto era notável pelo seu comércio, mas também pela sua corrupção. Pela Palavra que ali foi anunciada, surgiu uma das comunidades cristãs mais florescentes. No texto de hoje, o autor do Atos dos Apóstolos nos revela alguns pormenores da vida quotidiana de Paulo e dos primeiros evangelizadores. O Apóstolo sabe um ofício, era fabricante de tendas, e exerce esse ofício, coisa considerada indigna de um homem culto entre os gregos, mas habitual entre os rabis de Israel, para quem o trabalho era uma boa ocasião para estar com as pessoas e ensinar. Paulo mora, por esse tempo, com um casal de judeus expulsos de Roma por Cláudio, pelos anos 49-50 da nossa era. Com a chegada de Silas e de Timóteo, ele passa a se dedicar exclusivamente à pregação. Começa sempre pelos judeus e, só depois de ser recusado, mais uma vez, é que se volta para os pagãos. Contudo, como sempre acontece, há alguém, mesmo entre os judeus, que acolhe a Palavra. Desta vez é o próprio chefe da sinagoga, com a sua família. E começa a colheita abundante entre os pagãos. “Ai de mim se não evangelizar”. Como Paulo, sejamos ardorosos no anúncio-testemunho da fé.
No Evangelho, as palavras de Jesus se referem à sua morte e ressurreição, à sua glorificação pelo Pai, à vinda do Espírito e à nova ordem de coisas com a Aliança que n’Ele o Pai firma com toda a humanidade. João, o autor deste santo evangelho, recorre à incompreensão dos discípulos para provocar um esclarecimento posterior das palavras de Jesus. A vida terrena do Mestre está a terminar. A sua vida gloriosa vai começar na ressurreição. O regresso de Jesus não acontecerá só com as aparições depois da ressurreição, mas vai prolongar-se pela sua presença no coração dos que se marcam pela fé. Os discípulos não entendem as palavras de Jesus. Fazem perguntas (v. 17). Jesus responde tentando remover-lhes da alma a tristeza que os assalta e procurando infundir-lhes confiança com uma nova revelação: “a vossa tristeza se transformará em alegria” (v. 20). Depois da tormenta, a alegria surgirá. Confiemos, Jesus sempre se fará presente em nossa vida. É Ele quem nos conduz, pela ação do Espírito Santo, a cumprir, com frutos, a nossa missão, a fazer, em tudo, a vontade do Pai.
Empenho-me em trabalhar pelo Reino de Deus? Procuro ser sinal do amor de Deus onde estou, na família, na comunidade e na sociedade? Reconheço o amor de Deus por mim? Sou perseverante na fé?
Sê bendito, Senhor, para sempre, porque me conheces e sabes orientar a minha vida e atrair-me para Ti. Mas tem compaixão de mim: não me abandones demoradamente à provação para que eu não desespere da tua consolação. Vem em meu auxílio também quando este mundo me causa excessiva satisfação, para que não me deixe inebriar por ele. Ajuda-me a buscar em Ti a minha consolação e a minha alegria, em todo o tempo e lugar. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago