Na primeira leitura, vemos os judeus querendo captar a benevolência do governador Galião, governador da Província da Acaia, fazendo acusações sobre Paulo. Mas Galião atua de modo inteligente e diplomático, recusando se intrometer em questões internas ao judaísmo. Paulo continua a ter uma vida difícil, mas o Senhor confirma-o na missão que lhe confiou entre os pagãos. Discretamente, o Apóstolo, acompanhado pelo casal de Priscila e Áquila, embarca para a Síria, rumo a Jerusalém e a Antioquia. Em Corinto, graças à sua pregação, muitos judeus pagãos abraçaram a fé. Paulo experimenta a presença de Jesus. Experimenta-a na forma inaugurada com o Pentecostes. Experimenta-a em si mesmo, pela força que sente no anúncio do Evangelho, mesmo quando as circunstâncias são difíceis. Sente-a nas comunidades que estão vivas e crescem: “Nada temas, continua a falar e não te cales, porque Eu estou contigo e ninguém porá as mãos em ti para te fazer mal, pois tenho um povo numeroso nesta cidade” (v. 10). A seu exemplo, renovemos em nós o ardor missionário.
No evangelho, A alegria dos discípulos vem da liberdade que o afastamento do mundo lhes dá (Jo 8, 32). O encontro “espiritual” com Cristo ressuscitado produz a liberdade e a alegria nos que abraçaram a fé. E nada nem ninguém lhes podem tirar isso. Essa liberdade e essa alegria, que vem da reconciliação do homem com Deus, realizada por Cristo, e expressa sobretudo na oração comunitária. Tal como acontece à mulher, que deu à luz, está feliz porque terminaram os seus sofrimentos, e deu ao mundo uma nova criatura, também o cristão está contente porque a sua alegria, fundada na dor, desabrochou na nova vida que é a Páscoa do Senhor. A morte infame de Jesus transformou-se em alegria retumbante, alegria que ninguém pode tirar aos discípulos, porque se fundamenta na fé n´Aquele que vive glorioso à direita de Deus. A partir da ressurreição, a comunidade cristã, iluminada pelo Espírito, terá uma visão nova da vida e das coisas, e o mesmo Espírito lhe fará compreender tudo quanto precisar.
Sou ardoroso na fé, atento em comunicar o amor de Deus aos meus irmãos e irmãs? Participo de minha comunidade e apoio suas iniciativas em vista de levar a todos a “Boa Nova” de Jesus? Conservo em mim a alegria da fé, celebrando Jesus Cristo crucificado-ressuscitado, Deus e Salvador? Sou dócil à ação do Espírito Santo?
Obrigado, Senhor, pela tua presença, de tantos modos, no meio de nós. Posso encontrar-te na Palavra, na Eucaristia, na comunidade fraterna, na hierarquia da Igreja, no necessitado, e também na tua presença cósmica, que agora enche o universo. Posso viver na alegria da liberdade porque estou repleto da tua presença. Posso dar testemunho corajoso de Ti, porque o teu Espírito é a minha força. Perdoa-me, porque nem sempre vivo e atuo consciente desta realidade. Perdoa-me porque não me empenho suficientemente na missão, temendo o fracasso. Dá-me um coração atento às necessidades dos meus irmãos, especialmente à necessidade de Ti. Ajuda-me a levar a todos a tua alegria e a tua paz, para que esses dons da tua Ressurreição também possam crescer em mim. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago