Na primeira leitura, vemos o discurso de Paulo, em Mileto. Esse discurso tem um caráter intemporal que o torna válido para todos os tempos. Dirigindo-se aos presbíteros, Paulo pede-lhes zelo, humildade, renúncia ao próprio egoísmo, empenho e responsabilidade na direção das comunidades cristãs. Lembra que eles foram colocados como pastores do rebanho que Deus adquiriu para Si. Paulo insiste no dever da vigilância. De fato, ele enxerga tempos difíceis, com perigos internos e externos à comunidade, sobretudo o despontar de falsas doutrinas: “Eu sei, depois que eu for embora, aparecerão entre vós lobos ferozes, que não pouparão o rebanho. Além disso, do vosso próprio meio, aparecerão homens com doutrinas perversas que arrastarão discípulos atrás de si”. (vv. 29.30). Mesmo com sofrimento, o pastor deve vigiar, dia e noite, sobre si, mas também sobre os que lhe estão confiados, para os defender dos inimigos. O Apóstolo está consciente de que pede algo superior às forças humanas. Por isso, confia os pastores da Igreja “a Deus e à mensagem de sua graça, que tem o poder para edificar e conceder a herança a todos os santificados” (v. 32). Assim os Atos dos Apóstolos encerra a narração das atividades de Paulo no mundo grego. Esperam o Apóstolo outros trabalhos e provações. Devemos estar sempre atentos para que ninguém se perca. A tarefa de cuidar do povo de Deus, a começar dos seus pastores, é de cada batizado.
No Evangelho, temos a segunda parte da “oração sacerdotal”. Ela começa com um pedido de Jesus ao Pai, para que proteja aqueles que acreditaram ou hão de vir a acreditar n´Ele: “guarda-os em ti, para serem um só, como Nós somos!” (v. 11b). O texto se subdivide em duas partes: começa por desenvolver o tema da oposição entre os discípulos e o mundo (vv. 11b-16); depois fala da santificação deles na verdade (vv. 17-19). E o Mestre pede ao Pai que proteja os seus amigos contra a oposição do mundo e pede pela santificação dos discípulos: “Faz que eles sejam teus inteiramente, por meio da Verdade; a Verdade é a tua Palavra” (v. 17). Numa palavra, Jesus pede ao Pai “Santo” que torne santos aqueles que Lhe pertencem, para que continuem no mundo a sua missão, sem se deixarem vencer pela força do maligno. É assim que como “mediador” reza por nós, por nossa unidade, enquanto cristãos, e pela nossa santificação e missão. Nessa empreitada, não estamos sozinhos.
Sou atento, à luz da fé, em cuidar pelo bem e salvação dos irmãos e irmãs, a começar de minha família? Vivo com humildade, zelo, desapego dos bens materiais, movido por uma consciência cristã de partilha, caridade e misericórdia? Encontro em Jesus, a força para enfrentar a vida e cumprir, com frutos, a missão que me é confiada? Coloco-me, com docilidade, diante do Espírito Santo?
Ó Senhor, meu Salvador, quero pedir-Te a graça de viver a unidade e a comunhão de vida cristã. Ajuda-me, meu Deus, e perdoa-me todas as minhas negligências passadas. Quero confiar-me à tua Palavra. Lembra-me que não sou deste mundo, que Te pertenço. Santifica-me na tua verdade. Tu que rezaste por mim, torna-me santo na verdade, para que eu siga sempre pelos teus caminhos e possa fazer, a todo momento, o bem. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago