Na primeira leitura, vemos o procurador Festo que havia substituído Felix, ao ser visitado pelo rei Agripa, relatar-lhe a situação de Paulo, que estava na prisão havia dois anos. Festo preferiu atuar de acordo com o direito romano, dando-se conta de que o que verdadeiramente dividia os Judeus do Apóstolo não era uma doutrina qualquer, mas um acontecimento, a ressurreição de Jesus. E propôs a Paulo ser julgado em Jerusalém, na sua presença. O Apóstolo não aceitou e apelou para César, na esperança de anunciar o Evangelho na própria capital do império. O rei Agripa quis ouvir pessoalmente Paulo. O Apóstolo não deixou perder a boa ocasião para anunciar ao rei e à sua corte a Boa Nova da Ressurreição. Paulo não perde uma única oportunidade de anunciar Cristo crucificado e Ressuscitado. Já antes, o fizera diante do Sinédrio (Atos 23, 6ss.) e diante de Festo. A coragem de Paulo é espantosa e obriga várias categorias de pessoas a confrontar-se com o acontecimento da ressurreição de Jesus, fundamento do novo caminho de salvação, cuja notícia se ia espalhando pelo mundo. Seu ardor evangelizador e missionário torna-se exemplo para os nossos dias.
No Evangelho, vemos Jesus, que esteve morto mas agora está vivo, a manifestar-se aos Apóstolos. Não se trata de um fantasma, mas d’Ele mesmo, glorioso. Ao aparecer a Simão Pedro, lhe pergunta: “Simão, filho de João, tu amas-me?” (v. 15). Pedro responde com modéstia. Ama o Senhor, mas não o diz com a mesma segurança com que o dizia antes da paixão, quando O negou. Experimentou a fragilidade, a inconstância e aprendeu que só o Senhor pode tornar consistente e forte o seu amor. Por isso, repete três vezes:
“Senhor, Tu sabes que eu te amo” (v. 15). Jesus nada mais pretende do que essa afirmação de amor para lhe confiar a Igreja: “Apascenta as minhas ovelhas!” (v. 15). O serviço apostólico fundamenta-se nesta ligação íntima com o Senhor. Sabemos, depois no ministério pastoral, Pedro dará o testemunho de Jesus também pelo martírio. O verdadeiro amor vai até ao dom da própria vida: “Ninguém tem mais amor do que quem dá a vida pelos seus amigos” (Jo 15, 13). “Segue-me” (v. 19). Estas palavras, também dirigidas a nós, nos ajude a ter a prontidão da fé em dizer sempre sim a Deus, diante do chamado que nos faz e da missão que nos confere.
Sou atento, em tudo, fazer a vontade de Deus? Enfrento as dificuldades com fé, sendo perseverante e dócil ao Espírito Santo? À pergunta de Jesus, respondo como Pedro: Senhor, tu sabes tudo, tu sabes que eu te amo? Tenho verdadeiramente seguido a Jesus?
Senhor, criaste-me para dizeres que me amas, e para me pedir que corresponda ao teu amor. De fato, enviaste-me o teu Filho como servo para que não te sirva por medo, ou por espanto diante da tua grandeza, mas unicamente por amor. Tocaste-me o coração com a tua benevolência e a tua humildade. Conquistaste-me com o teu rosto desfigurado na cruz. Ainda que, como Pedro tenha hesitado, ou pecado, quero hoje dizer-te que Te amo, que quero amar-Te por toda a vida, que jamais quero separar-me de Ti, que estou disposto a perder tudo por Ti. Dá-me a fé e o amor ardente de Pedro, e dá-me a coragem de Paulo para que, vivendo em Ti e para Ti, testemunhe a ressurreição do teu Filho Jesus, e o teu amor que excede todo o conhecimento. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago