O pequeno trecho que temos hoje para reflexão na Liturgia da Palavra, embora curto possui um relevo muito importante no contexto da fé que se estabelecera no tempo de Jesus.
Rapidamente a história de evolução do conceito de Messias/Cristo (ambas as palavras querem dizer ungido) mudou de lugar ou ganhou dupla interpretação. O povo aprendera das autoridades judaicas que o “messianato” davídico partiria da descendência de Davi, e que o Messias viria como filho desta casa e reinaria como Davi reinou, porém, com a queda da realeza em Israel e o exílio, estando ausente a figura do rei, passaram a ungir não mais os reis e sim os sacerdotes, invertendo a compreensão do Messias da casa de Davi para o Messias sacerdotal.
Jesus desmonta a ideia de um ungido reinante como na casa de Davi ou dos sacerdotes que passaram a exercer a autoridade sobre o povo, desde a ausência da figura real.
Jesus não afirma que o Messias/Cristo não vê Davi como Senhor e que o próprio Davi chama o Messias de Senhor como encontramos no Salmo 110, logo, a inversão e o desmonte da figura de um Messias aos moldes de Davi se apaga com a presença de Jesus, o Cristo, que não veio para ser servido, mas para servir.
Desta forma, a Comunidade dos cristãos está, pelo batismo, inserida nesta missão do Cristo e acompanhá-lo, não como figura de dominação, mas como Deus que se encarna e vem viver no meio de nós como Aquele que serve, que edifica, acolhe e ama. Jesus não é um dominador.
Pe. Jean Lúcio de Souza