Esse episódio do convite vocacional de Mateus é, no mínimo, uma vertente de decisões imponentes e respostas sinceras.
São decisões imponentes porque temos de um lado, Jesus, o Cristo Senhor, que decide, por sua libérrima vontade contar com a ajuda de um cobrador de impostos. Se Jesus fosse ligar para aquilo que, possivelmente, os outros iriam dizer (porque sempre dizem), Ele não chamaria Mateus. Jesus está atento ao encontro, ao encanto do convite e à possibilidade da resposta positiva. Não há nada além de um olhar e uma frase “segue-me”. A decisão de Jesus é clara: Ele quer Mateus entre os seus, Ele deseja a escrita forte, a decisão irrenunciável de seguimento. Ele, Jesus, aos moldes de Deus que convoca os profetas, aponta-lhes o dedo e os requer para uma missão.
De outro lado, outra decisão. Um homem, trabalhando num ofício odiado por toda uma nação. Que haveria de diferente em Mateus? O que Jesus percebera nele? Será que apesar de ser um cobrador de impostos, será que apesar de todos os qualificativos negativos, Mateus seria diferente? O modo de “pecar” de Mateus seria contrário ao dos demais cobradores de impostos? Será que ele seria justo apesar das injustiças profissionais? Ele não devolve nada. Ele não reparte seus bens com os pobres. Ele apenas decide seguir Jesus. Será que já estaria com suas “sacolas vazias”? Ele decide seguir Jesus e ser Lhe um porta voz. Ele apenas ouve em plenitude o chamado e responde com a vida. Ele apenas segue aquela Palavra Eterna... Segue-me!
As respostas são sinceras, afinal Jesus não promete nada a Mateus exceto a cura. Mateus não promete nada a Jesus, apenas, deixa-se curar ao longo do seguimento e ele vai.
Ele vai, mas não só, leva consigo seus amigos. Será que Jesus fez a eles também o mesmo convite durante o jantar na casa de Mateus?
E Jesus... ah Jesus apenas ficou à mesa, em sua sincera disposição: curar. Ele vai curando os cansaços, as desilusões, as falsas promessas humanas e o falso brilho do ouro. Jesus curou as ofensas causadas pelo preconceito, curou as palavras de rancor recebidas e emitidas. Ele curou o gosto da vingança que pesava a balança da banca, sempre rota pela ausência da ética e pela ausência do zelo pelo outro. Jesus curou daquele “estar parado” na coletoria de impostos e deu a ele, Mateus – e quem sabe aos demais – o mundo para evangelizar.
Jesus deu a todos a cura pela misericórdia...
Que lindo exemplo a ser seguido: curar, deixar-se curar e seguir o médico de nossas almas e corações numa vida ética e respeitosa à luz do Amar de Deus...
Pe. Jean Lúcio de Souza