Os textos de hoje são polêmicos, em um bom sentido, se assim podemos dizer. E por qual motivo são polêmicos? Porque coloca em ordem um povo santo, um sacerdotal, um povo apostólico de uma vocação única que nasce da vontade de Deus, que ouve seu povo e vem ao seu encontro para tornar esse mesmo povo o Seu rebanho, sua nação.
O rebanho de um Deus que solicita às ovelhas para ouvir sua voz e seguir seus mandamentos para que seja um Reino de Sacerdotes.
Anos atrás cantávamos no hino do Ano Sacerdotal – povo de Reis, assembleia santa, povo sacerdotal, povo de Deus: canta ao Teu Senhor – isso é perfeito e agradável, todos no mesmo nível, todos no mesmo patamar, somos um povo Sacerdotal em Jesus que se fez nosso irmão e salvador. Ele é o Pastor no meio das ovelhas.
Os textos são polêmicos porquê de uma hora para outra somos chamados a acordar para a realidade do seguimento de Jesus. O povo está cansado, há “tantos pastores”, “tantas modas religiosas”, “tantos reis e falsos Messias”, que desorientam as ovelhas que massacradas se desiludem, perdem-se e cassadas desfalecem. Voltar-se para Deus ouvindo Sua Voz é a essência da vida em Cristo, Ele é a voz da unidade.
O Coração de Jesus é o coração pastoral, sedutor, que nos chama a ouvi-Lo e Nele sermos revestidos verdadeiramente da graça Real/Pastoral e Sacerdotal que recebemos no Batismo. Como bem diz Sandro Gallazzi “é o coração de Deus Pai que bate no peito de Jesus e que deve bater no nosso”. Esta é nossa missão de pastores e pastoras do povo santo.
Nesse compasso não há lugar de privilégios, nem quem é mais, nem quem é menor, mas um só compasso, um só desejo – que todos sejam um – então, todos serão pastores e pastoras no Pastor Eterno. Todos terão seus corações movidos pela compaixão, todos irão transgredir a ordem de dominação e maldade no chão deste mundo, seremos os subversivos do amor, construtores de pontes, daremos alimentos aos famintos, anunciaremos com coragem a Justiça, o Perdão e a Misericórdia. Amaremos no amor do coração de Jesus. Não esperaremos mais ordens para além daquela que emana do Cristo, a voz do Pai.
É Jesus quem pede ao povo sacerdotal, aos discípulos que somos, à Igreja apostólica que somos, peçam ao Pai que envie operários comprometidos com a realidade da messe, mas peçam e já se sintam enviados à missão.
Não podemos ser meros usufrutuários da graça, sejamos todos alegres operários nesta colheita para que ninguém se perca, para que nenhuma ovelha sinta fome, para que ninguém fique na escuridão ou perca o sabor da vida.
Ele cumpre... O Reino de Deus só poderá vir, como pedimos no Pai Nosso, se estivermos comprometidos com a missão, se formos de fato operários, cada um conforme seus dons e carismas. Ele nos chama pelo nome, como fora dito em nosso Batismo, Ele nos chama para que Nele nossa vida seja refeita no serviço no meio da colheita.
Ele Verbo encarnado, Deus que vem ao nosso encontro, nos envia, mas não nos abandona, Ele segue conosco e nos fortalece no discipulado. Lembrando novamente Sandro Gallazzi “não basta sermos discípulos precisamos nos tornar apóstolos”, um passo a mais na missão de um povo que ouve o Senhor.
Pe. Jean Lúcio de Souza