O Deus que nos criou por amor, na liberdade que o mesmo amor inspira quer conosco um relacionamento de inteireza, ou seja, que preencha nossa vida inteira e não somente nosso intelecto, nossa inteligência. Ele não quer apenas que o conheçamos, mas sobretudo que o amemos, de todo o nosso coração, com todo nosso entendimento e com toda a nossa alma. Por isso Ele nos solicita a partir de dentro, das profundezas de nosso ser, de nosso coração. Tocados assim é que nos convertemos, não a partir de fora, das coisas externas, de acontecimentos miraculosos ou extraordinários, pois tais fatos já aconteceram na encarnação, vida, paixão, morte e ressurreição do Senhor. A pedra do túmulo já rolou, e essa pedra o Senhor não teve dificuldades para rolar pois um com Deus não podia conhecer a escuridão e nela ficar inerte. A pedra mais difícil de ser rolada é, entretanto, a pedra de nossos corações, pois ela só se move quando o coração se torna cativo do amor de Deus e, livremente, se deixa envolver pela ternura de Deus.
Maria Madalena é uma figura bíblica que representa aqueles e aquelas que se deixam envolver pela ternura de Deus. Apaixonou-se pela ternura de Deus presente em Jesus, de uma tal forma, que homem algum lhe dirigiu um olhar como o do Senhor, homem algum lhe falou como o Senhor, homem algum lhe valorizou como o Senhor. Tanta ternura lhe colocou a primeira das Apóstolas a presenciar a pessoa do ressuscitado. Temerosa, chorosa e assustada, procura, sem ver, o corpo do Mestre. Ainda não havia compreendido que é com os “olhos do coração” que o Senhor agora podia ser visto. Mesmo olhando, não foi capaz de ver... até que ouviu aquela voz suave transmitindo a paz de um ressuscitado dizendo seu nome: Maria!!! Vejam que não se trata tanto do nome dela, mas da entonação, daquele jeito que Jesus a tratava desde quando a conquistou para Deus. Um tom de voz que que se afirmava em afeto, ternura e ia além dos ouvidos, fecundando a alma daquela mulher. Rabuni, mestre, diz ela encantada. Estancou-se o choro, lançou-se fora o medo, o susto cedeu ao encanto.
O coração agora estava pronto para crer a partir do maior milagre que Deus pode fazer: converter-nos sem macular nossa liberdade; conquistar-nos, pelo amor, a fim de amarmos, não por obrigação que vem de fora, mas porque nossa liberdade, agora, é “escrava” do amor que nos cura, nos redime, nos salva, nos orienta e nos conduz. Consequência: se por amor fomos assim amados, por amor também amaremos.
QUESTÃO NORTEADORA: (para ser respondida mais com o coração e a vida do que com a razão e o pensamento)
Durante o dia de hoje, repita várias vezes, meu Senhor e meu Deus eu creio em vós! Sustenta-me em seu amor!
ORAÇÃO: Ó Deus, que concedeis a Maria Madalena o primeiro anúncio da alegria pascal, convertei nossos corações ao vosso amor a fim de que vossa ternura sempre nos conquiste para o bem, amém.
Diác. Robson Adriano F. D. e Silva