Hoje celebramos a memória de Santa Clara. Ela nasceu na Itália em 1193 e lá faleceu em 1253. Renunciou à nobreza e à riqueza para viver o ideal de pobreza de São Francisco de Assis. Com o espírito imerso na piedade, na penitência e na caridade, fundou a congregação das Clarissas, cuja espiritualidade é voltada para a pobreza, a oração e a ajuda aos necessitados. Seu exemplo nos ajude a ser, no mundo, um sinal visível da presença de Cristo.
Hoje, na primeira leitura, do livro do Deuteronômio, vemos a conclusão do primeiro discurso de Moisés. Trata-se de um texto teológico, repleto de palavras-chave da teologia do Antigo Testamento. O povo deve recordar e transmitir tudo quanto viu e ouviu, deve ser testemunha viva de quanto Deus fez por ele. Moisés recorda as maravilhas da criação. O povo escutou a voz de Deus no fogo, viu com os seus próprios olhos a predileção de Deus que o escolheu e o libertou do Egito com braço forte, no meio de sinais e prodígios. Este Deus, poderoso e libertador, educa com a sua palavra, é um Deus cheio de amor de predileção por Israel, é um Deus fiel à sua promessa. O povo deve corresponder com a sua fidelidade a Deus, que é único (cf. Dt 6, 4-9; 11, 13-21; Nm 15, 37-51); deve observar os seus mandamentos; deve transmitir a memória das maravilhas de Deus. A fidelidade ao Senhor pode, pois, resumir-se a recordar, celebrar, viver, três atitudes fundamentais na espiritualidade do Antigo Testamento e que também pode muito nos ajudar.
No Evangelho, Jesus fala dos que O pretendem seguir. A sorte dos discípulos não será diferente da do Mestre (cf. 10, 24s.). E toda a atitude e toda a opção do discípulo terá sentido na sua relação com o Mestre. A escala de prioridades e valores é definida pela relação com Jesus, cujo percurso histórico marcado pelo sofrimento vivido no amor, será assumido pelo discípulo (v. 24). Este experimentará o paradoxo de “perder para encontrar”, de “morrer para viver” (v. 25). As suas obras deverão manifestar a opção por Jesus como centro da sua existência. Tal opção será recompensada no dia do juízo (v. 27). De fato, o Messias Sofredor é também o Juiz escatológico. O Messias humilhado é também o Rei glorioso.
Reconheço as maravilhas que Deus realiza a meu favor? Sou atento em viver segundo os seus preceitos, os seus mandamentos? Procuro permanecer no amor de Deus e fazer a sua vontade? No seguimento de Jesus, sou um bom discípulo?
Senhor, as tuas obras são maravilhosas! A criação, a redenção e os sinais do teu amor por mim. Eu Te louvo, Senhor, pelo amor paterno e materno com que me tens amado e por tudo quanto tens feito por mim! Infunde em mim o teu Espírito Santo para que na minha memória pesem mais do que quaisquer outras coisas, as palavras de encorajamento, a confiança que nasce da recordação agradecida, para ser fiel nas provações e nas exigências que Tu me vais propondo. Quero levar Contigo a Cruz como um troféu glorioso, porque, perder a vida, é abrir o sepulcro à alegria e à glória da ressurreição. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago