Na Solenidade da Assunção, damos graças a Deus pela glória de Maria, elevada aos céus em corpo e alma. Seu exemplo nos aponta o caminho da vida e da felicidade que consiste em acolher e pôr em prática os ensinamentos de seu Filho: “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5). Com a comunidade de Antônio Pereira, celebramos o 23º Jubileu de Nossa Senhora da Conceição da Lapa. 301 anos de graças e bênçãos.
O livro do Apocalipse foi composto no ambiente das perseguições que se abatiam sobre a jovem Igreja, ainda tão frágil. João, nesse livro, evoca estes acontecimentos numa linguagem codificada, em que os animais bravios designam os perseguidores. A Mulher pode representar a Igreja, novo Israel, o que sugere o número doze (as estrelas). O seu nascimento é o do batismo que deve dar à terra uma nova humanidade. O Dragão é o perseguidor, que põe tudo em ação para destruir este recém-nascido. Mas o destruidor não terá a última palavra, pois o poder de Deus está em ação para proteger o seu Filho.
Proclamando esta mensagem na Assunção, reconhecemos que, no seguimento de Jesus e na pessoa de Maria, a nova humanidade já é acolhida junto de Deus. Maria é sinal da nova humanidade redimida pelo seu Filho.
Todo o capítulo 15 da primeira Carta de Paulo aos Coríntios é uma longa demonstração da ressurreição. Na passagem escolhida para a festa da Assunção, o apóstolo apresenta uma espécie de genealogia da ressurreição e uma ordem de prioridade na participação neste grande mistério. O primeiro é Jesus, que é o princípio de uma nova humanidade. Eis porque o apóstolo o designa como um novo Adão, mas que se distingue absolutamente do primeiro Adão; este tinha levado a humanidade à morte, ao passo que o novo Adão conduz aqueles que o seguem para a vida. O apóstolo não evoca Maria, mas ao proclamarmos esta leitura na Assunção, reconhecemos o lugar eminente da Mãe de Deus na ressurreição que seu Filho nos trouxe.
O cântico de Maria, no Evangelho, descreve o programa que Deus tinha começado a realizar desde o começo, que ele prosseguiu em Maria e que cumpre agora na Igreja, para todos os tempos. Pela Visitação que teve lugar na Judeia, Maria levava Jesus pelos caminhos da terra. Pela Assunção, é Jesus quem leva a sua mãe pelos caminhos celestes, para o templo eterno, para uma Visitação definitiva. Nesta festa, com Maria, proclamamos a obra grandiosa de Deus, que chama a humanidade a vida nova, à salvação.
Reconheço a grandiosidade de Maria e a ela me confio, como a minha mãe do céu? Acolho a sua exortação, feita aos serviçais nas “Bodas de Caná: fazei tudo o que meu Filho vos disser? Acredito na ressurreição dos mortos e na vida eterna? Vivo a comunhão com Deus nesse mundo para um dia vivê-la eternamente no céu? O que me falta ainda?
Ó Deus, bom Pai, que elevastes à glória do céu, em corpo e alma, a Imaculada Virgem Maria, Mãe de vosso Filho, dai-me viver atento às coisas do alto, a fim de participar, um dia, da sua glória. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago