Na primeira leitura, em uma assembleia das tribos de Israel, presidida por Josué, em Siquém, se dá a conclusão do pacto entre as tribos de Israel e Javé (Deus). Tudo acontece num clima de memória, reconhecimento e gratuidade. Josué traça as grandes linhas da história de Israel, sempre presidida por Deus. Transmite a memória das obras admiráveis realizadas pelo Senhor, em seu favor. Aqui se recordam os grandes pais e patriarcas da história do povo: Abraão, Isaac, Jacó e os seus filhos que desceram ao Egito. Depois lembra-se a libertação miraculosa do Egito, como evento chave da história de Deus com o seu povo, a entrada na terra prometida e as dificuldades ultrapassadas contra os habitantes de Canaã. Em tudo, o povo deve se dar conta do amor de predileção gratuita por parte de Deus. E, com esses sentimentos, Josué termina professando a sua fé, memória histórica das obras de Deus. Diante desse testemunho e dos feitos de Deus em seu Filho Jesus e na vida de sua Igreja, somos chamados, hoje, a dar graças a Deus, porque eterno é seu amor. As grandes celebrações da Igreja são memória, louvor, bênção, ação de graças pelas maravilhas de Deus, sobretudo em Cristo e por Cristo, em nosso favor. Mesmo quando celebramos os santos, celebramos as obras admiráveis que Deus realizou neles e por meio deles.
No Evangelho, temos as discussões sobre o divórcio. No tempo de Jesus, a questão era polarizada por duas escolas interpretativas da fé no Antigo Testamento: uma que dizia que um homem que encontrasse uma mulher mais atraente do que a sua esposa, e tivesse problemas por causa disso, podia repudiar a sua mulher para casar com a outra. Uma outra escola de interpretação entendia que não, que a exceção do Deuteronômio se referia unicamente ao caso de adultério. A questão, posta a Jesus pelos fariseus, tem d’Ele a declaração contrária ao divórcio. Jesus justifica a sua posição com dois textos da Escritura: Gn 1,27 e 2,24. Deus quer que marido e mulher permaneçam unidos como “uma só carne” (Mt 19, 5s.). Não separe o homem o que Deus uniu(v. 6b). O matrimônio é um contrato entre duas pessoas, mas, enquanto aliança, implica a vontade de Deus inscrita na complementaridade dos sexos. Depois os discípulos, a sós com Jesus, manifestam perplexidade e dificuldade em assumir tão graves responsabilidades do matrimônio. Mas Jesus afirma que só a responsabilidade pela difusão do Reino dos céus torna louvável a renúncia ao matrimônio. Nem todos compreenderão as palavras de Jesus. Hão de compreendê-las “aqueles a quem isso é dado” (v. 11). Trata-se de uma inspiração interior dada aos apóstolos e àqueles que acreditam (Mt 11, 25 e 16, 17). Rezemos e trabalhemos para que o Plano de Deus que implica a unidade, a fidelidade e a indissolubilidade da vida matrimonial, tradutoras do verdadeiro amor entre homem e mulher, se efetive a partir de nossas famílias.
Reconheço, em suas obras, as maravilhas que Deus realiza em meu favor? Sou agradecido e em resposta, procuro viver com amor minha vida e missão? Dedico-me à minha família, sendo presença positiva junto a ela para que cumpra, com frutos, a sua missão? Em que posso melhorar, diante dessa Palavra de Deus meditada?
Obrigado, meu Deus, pela minha pequena história da salvação, feita de eventos, de encontros, de relações. Tudo nos indica que és Tu que teces conosco uma história de amor e que a levas à sua plena realização, pela força do teu Espírito. Como é grande o teu amor e a tua misericórdia! Que eu saiba reconhecer em cada evento da minha vida, e da vida do mundo, intervenções da tua graça. Assim, possa chegar à experiência de que "tudo é graça", que “é eterna a tua misericórdia”. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago