Celebramos hoje a memória de São João Eudes. Ele nasceu na França em 1601 e lá faleceu em 1680. Ordenado sacerdote, difundiu a devoção e o culto litúrgico aos Corações de Jesus e de Maria. Fundou a Congregação dos Eudistas, voltada à formação espiritual e doutrinal dos padres e seminaristas e às missões populares. Deu origem também à Congregação das religiosas hoje conhecidas como Irmãs do Bom Pastor, dedicadas ao atendimento de jovens e de crianças abandonadas. Celebremos sua memória com o desejo de sermos autênticos promotores do Reino de Deus, colocando nossos dons a serviço.
Na primeira leitura, vemos a aliança de Siquém, conduzida por Josué junto ao Povo de Deus escolhido no Antigo Testamento, concluir-se com três momentos essenciais. Primeiro, é o convite de Josué ao povo para que possa aderir totalmente ao Senhor, renunciando aos ídolos. Ele mesmo dá exemplo em nome da sua casa e da sua tribo: “eu e a minha casa serviremos o Senhor” (v. 15). O povo responde com uma grande purificação da memória e com a renúncia coletiva aos ídolos para servir o Senhor. Segue-se o segundo momento: Josué anuncia a realeza do Deus de Israel, Deus da Aliança, que é santo e cioso, como demonstrou em diversos momentos ao longo da caminhada pelo deserto. Não falta aqui uma ameaça: “Quando abandonardes o Senhor para servir a deuses estranhos, Ele voltar-se-á contra vós e vos tratará mal; há de destruir-vos, após ter-vos feito bem” (v. 20). Finalmente, num terceiro momento, por duas vezes, ecoa a profissão de fé do povo, com uma promessa de aliança concreta em palavras e obras: “Nós serviremos o Senhor nosso Deus, e obedeceremos à sua voz” (v. 24). A história sucessiva mostrará que, apesar desta força na adesão ao Senhor, a fraqueza humana muita das vezes fez o povo afastar-se de Deus com seus pecados e idolatrias. O mesmo acontece conosco, o novo povo de Deus. Reconheçamos que Deus é sempre fiel e renovemos, a cada dia, o desejo de servi-lo, como caminho de graça, bênção, felicidade e salvação. Aceitar entrar em aliança com Deus não é simples formalidade. Tem consequências na vida que não podemos ignorar ou esquecer. É um compromisso que envolve toda a pessoa, em todas as suas atividades, em todos os seus pensamentos, em todas as suas aspirações.
Na época de Jesus, o rito da imposição das mãos e da bênção das crianças era frequentemente usado. Faziam-no os pais, mas também os rabinos, a quem se pedia a bênção. No Evangelho de hoje, diante da "repressão" dos discípulos, Jesus manifesta a intenção de não afastar ninguém do Reino. Quando diz “delas”, das crianças é o Reino do céu (v. 14b), não se refere à idade, mas quer evidenciar “os que se assemelham a elas”. Na antiguidade, as crianças não eram consideradas significativas na sociedade. Mas Jesus faz delas privilegiadas no Reino de Deus, admite-as com agrado na comunidade cristã. A atitude dos discípulos em querer afastar as crianças revela a sua falta de compreensão pelo ministério de Cristo. Jesus é Aquele que acolhe os pequenos para lhes oferecer o Reino. A imposição das mãos sobre as crianças e a oração é um gesto de bênção (vv. 13.15). Mas é também um sinal de que a salvação é comunicada a todos os que podem identificar com elas: os pequenos, os pobres, os humildes...
Vivo minha aliança com Deus, a partir do batismo que recebi? Sou dado aos pecados e idolatrias deste mundo, ou procuro, verdadeiramente, servir ao Senhor? Sou atento em ajudar as novas gerações a seguir no caminho de Deus e ter uma vida abençoada por Ele? Tenho misericórdia de quem sofre? O que me falta ainda?
Derrama, Senhor, sobre mim, o teu Espírito. Abranda a dureza do meu coração, enche com o teu sopro divino o meu ser, para que possa oferecer-Te, com liberdade e sentido de gratidão, tudo o que sou, tudo o que tenho, tudo o que faço. Dá-me um coração de criança, totalmente confiante no teu plano de amor por mim, totalmente aberto às tuas inspirações. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago