No livro do Apocalipse, as visões revelam que Deus arranca os seus fiéis de todas as formas de morte. Esse livro foi composto no ambiente das perseguições que se abatiam sobre a jovem Igreja, ainda tão frágil. No texto de hoje, a Mulher pode representar a Igreja, novo Israel, o que sugere o número doze (as estrelas). O seu nascimento é o do batismo que deve dar à terra uma nova humanidade. O Dragão é o perseguidor que se põe em ação para destruir este recém-nascido. Mas o destruidor não terá a última palavra, pois o poder de Deus entra em ação para proteger o seu Filho. Proclamada na Solenidade da Assunção, ela também se aplica a Maria, Mãe da Igreja. Como Maria, a Igreja gera na dor um mundo novo. E como Maria, participa na vitória de Cristo sobre o Mal.
Paulo, na primeira carta aos Coríntios, fala da Páscoa de Jesus e manifesta a emergência de uma nova humanidade em que Cristo é a cabeça, como novo Adão. Esta passagem escolhida para a Solenidade da Assunção apresenta uma espécie de genealogia da ressurreição e uma ordem de prioridade na participação neste grande mistério. O primeiro é Jesus, que é o princípio de uma nova humanidade. Eis porque o apóstolo o designa como um novo Adão, mas que se distingue absolutamente do primeiro Adão; pois este tinha levado a humanidade à morte, ao passo que o novo Adão conduz aqueles que o seguem para a vida. O apóstolo não evoca Maria, mas a leitura proclamada na Assunção, reconhece o lugar eminente da Mãe de Deus no grande movimento da ressurreição. Jesus, o novo Adão, faz da Virgem Maria uma nova Eva, sinal de esperança para todos os homens.
No Evangelho, Maria, diante de Isabel, canta o Magnificat, cântico que descreve o programa da salvação de Deus que prossegue nela e que se cumpre agora na Igreja, para todos os tempos. Maria ao visitar sua prima, subindo, apressadamente, as montanhas da Judeia, leva Jesus pelos caminhos da terra. Agora, em sua “dormição” e Assunção, é Jesus quem leva a sua mãe pelos caminhos celestes, para o templo eterno, para uma Visitação definitiva. Nesta Solenidade, com Maria, proclamamos a obra grandiosa de Deus, seu poder e sua misericórdia, que chama a humanidade a se juntar a Ele pelo caminho da ressurreição. Em Maria, Ele já realizou a sua obra na totalidade; com ela, nós proclamamos que Deus "dispersou os soberbos, exaltou os humildes". Os humildes são aqueles que creem no cumprimento das palavras de Deus e se põem a caminho; aqueles que acolhem, até ao mais íntimo do seu ser, a Vida nova, ou seja, Cristo, para o levar a todos, aos confins do mundo. Deus debruça-se sobre eles e cumpre neles maravilhas.
Acredito no poder de Deus e em sua misericórdia infinita? Combato o bom combate da fé, procurando vencer os “dragões” que buscam impedir o projeto de Deus? Guardo verdadeira devoção a Nossa Senhora, procurando imitar suas virtudes? Ponho-me a caminho para ajudar as pessoas e anunciar, com minha vida, o amor e a salvação de Deus?
Deus Pai, eu Te dou graças pela ressurreição que manifestaste pelo teu Filho Jesus, o novo Adão, e pela Assunção na vida gloriosa que revelas em Maria, Mãe do teu Filho. Fortalece a tua Igreja ameaçada pelos “dragões” de nossos tempos para que, como Maria, possa levar Cristo ao mundo. Como fizeste por ela, guia-nos pelo teu Espírito Santo". Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago
Obs: No Brasil, por determinação da CNBB e autorização da Santa Sé, esta Solenidade é celebrada no domingo depois do dia 15, caso o dia 15 não caia em domingo (IGMR - Instrução Geral do Missal Romano).