José Sarto nasceu na Itália em 1835 e lá faleceu em 1914. Nomeado Cardeal e patriarca de Veneza, foi eleito Papa em 1903, com o nome de Pio X. Empenhou-se por realizar inúmeras reformas nas áreas da catequese, liturgia, pastoral e missões.
A história de Israel, durante o período dos Juízes, é uma história de infidelidade do povo e de fidelidade de Deus. A infidelidade do povo se manifesta de várias formas: “os filhos de Israel fizeram o mal perante o Senhor” (v. 11). Esta frase é uma espécie de refrão que vai sendo repetido ao longo do livro. Mas o principal pecado foi o da idolatria: “prestaram culto aos ídolos de Baal” (v. 11). Os Israelitas, em vez de manifestarem gratidão para com Deus, procuraram outros deuses, os deuses cananeus, mais prontos a satisfazer os seus desejos. A ira de Deus não tardou a manifestar-se: “Inflamou-se a ira do Senhor contra Israel e entregou-os nas mãos de salteadores que os espoliaram” (v. 14). Deste modo, o povo de Deus voltou a uma situação de opressão e de escravidão, por sua culpa. No meio dos seus sofrimentos, voltou a recordar-se de Deus e a implorar misericórdia. O Senhor deixou-se comover e enviou-lhes os "juízes", chefes inspirados por Ele, que tomaram conta da situação e venceram os opressores. Deus “estava com aquele juiz, libertando-os da mão dos seus inimigos” (v. 18). Infelizmente o esquema repetia-se depois da morte de cada juiz: a volta ao pecado, especialmente o de idolatria, o retorno dos sofrimentos diversos e da opressão pelos inimigos, os gemidos de súplica ao Senhor, que novamente usa de misericórdia, e envia outro juiz. Assim Deus procura educar o seu povo à conversão e à confiança n´Ele, mesmo nas situações de pecado. A fidelidade de Deus leva sempre a melhor, mesmo diante da infidelidade do homem. Esta história se repete hoje, conosco.
No Evangelho, temos um jovem que vai ao encontro de Jesus. Ele deseja conhecer o bom caminho para chegar à vida eterna. Jesus lhe diz: “Se queres entrar na vida eterna, cumpre os mandamentos” (v. 17). É a fidelidade humana para alcançar a vida eterna. O jovem tinha-a observado desde sempre e pergunta: “Que me falta ainda?” (v. 20). A resposta de Jesus, como acontece outras vezes, é paradoxal: “Vai, vende o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu; depois, vem e segue-me” (v. 22). É como quem diz: “Não te falta nada. Tens demasiado. Falta-te tornar-te pobre de bens materiais para estares disponível para o amor divino”. O segredo para uma vida em plenitude é se desfazer de tudo para dar lugar aos verdadeiros tesouros. É desfazer-se até de si mesmo para acolher a Cristo e a sua vida em nós: “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gl 2, 20). Para seguir a Cristo, é preciso ter o coração no lugar certo. Não era o caso deste jovem, que tinha muitos bens, e se foi embora triste (v. 22).
Sou fiel a Deus ou fico colocando no seu lugar “outros deuses”, como do poder, do ter e do prazer desregrado, praticando a idolatria? Reconheço em minha vida o quanto Deus é fiel e misericordioso? Sou desapegado dos bens deste mundo? Sigo ou não a Jesus Cristo? O que me falta ainda para possuir a vida eterna?
Senhor, como o teu povo em Canaã, também eu hoje vivo no meio de uma sociedade dominada por culturas que Te ignoram ou se opõem a Ti, uma cultura cheia de ídolos que me parecem mais adequados a satisfazer os meus desejos. Que jamais esqueça o teu amor e tudo quanto tens feito por mim. Que jamais me prostitua perante os ídolos dominantes. Mas, se alguma vez cair em tentação, lembra-Te da tua misericórdia, e vem em meu auxílio. Guarda-me e guarda a tua Igreja! Alimenta nos teus fiéis o fogo que ardia no coração do teu Filho. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago