Primeira Sexta-feira do mês, dedicada ao Sagrado Coração de Jesus.
Memória do martírio da Beata Isabel Cristina, rezemos por sua canonização.
Quando era moleque, achava bacana ir às festas, quais fossem, de crianças, adultos, casamentos, tudo era muito bom, as festas eram maravilhosas, principalmente quando havia bolo, com muito glacê, brigadeiros e empadas com azeitona.
Por ter memória seletiva de criança, que guarda apenas o que é importante, portanto, sabores e cores, datas, não significavam muita coisa, por isso, mesmo sabendo que aniversários sempre repetiam, que festas sempre haveriam de ter a gente ficava com aquela indagação na cabeça: qual o dia? Qual a hora? Para a próxima festa?
Naquela época o convite se renova com o “passaporte de entrada” nas festas, que naquela época era um robusto pacote de presente, com papel colorido que indicava o motivo da festa, se de “gente grande” ou “gente pequena”. O pacote de presente bem embrulhado era o passaporte para entrarmos na festa.
Depois, com o passar dos anos, as coisas, sofisticaram – as pessoas acham isso sofisticação, mas acho muito chato perdemos os pacotes de presente – passaram a entregar, junto com um enorme convite com letras douradas ou prateadas, um outro convitinho, mesquinho, miúdo, que deveria ser apresentado na entrada da festa - se você tem o convitinho, logo você é Very Important People (VIP) – sem o convitinho que lhe uma pulseira de papel insuportável de se retirar, você não entra, passa a ser um indesejado.
Jesus é muito inteligente... apenas trocou o pacote de presente e os convitinhos pelas lâmpadas (cada época com seus símbolos).
Verdadeiramente não sabemos o dia e a hora da grande festa, mas é preciso deixar as coisas arrumadas para podermos entrar na grande festa da eternidade. Para esta festa, em um primeiro momento, todos fomos convidados, contudo, para adentrarmos é preciso o “passaporte” que o Noivo nos entregou, uma marca, um caráter impresso, um talento para ser multiplicado, nosso tesouro, nossa luz, que nos guia até a festa. Esse tesouro que nos fora dado, será devolvido ao Noivo, como presente que nos aguarda para a festa e, aqui, hoje, o passaporte/tesouro é a lâmpada.
Poderíamos pensar na lâmpada como símbolo do coração humano; haja vista que um coração iluminado sempre sabe o caminho que leva para o Senhor e um coração vacilante, não iluminado, perde-se ao longo do caminho e não consegue carregar seu tesouro para festa.
Um coração prudente é aquele coração que buscou manter acesa a lâmpada com o óleo da coerência entre o que diz crer e o que vive a partir de sua profissão de fé. Um coração que diz que ama a Deus, mas que sobretudo O ama naqueles que estão ao seu lado no serviço, no acolhimento, um coração que se deixou libertar dos “Egitos” cotidianos e que se permitiu descansar no Coração de Jesus e ali encontrou seu tesouro. Esse coração transborda em unção na ética e na justiça. Esse óleo perfumado só se aplica a si, não tem como servir a outro coração.
Um coração imprudente é justamente o contrário, tão vacilante que não consegue adequar seu coração do Coração de Jesus. Embora convidado para a festa ele mesmo se exclui. É como se tivesse esquecido o convitinho para entrar na feste e estando à porta não consegue entrar porque entre o que diz crer e o que se vive há um abismo: indiferença, ódio, maldades, falta perdão, desserviço e ausência de bondade e misericórdia em seu coração. Desta forma a lâmpada está fraca. Não há o óleo das boas obras que aquece o coração/lâmpada. Ele não entra na festa... é tarde...
Pe. Jean Lúcio de Souza