A cena que temos no Evangelho, neste domingo, nos liga, de alguma forma aos versículos anteriores, os quais fomentam a missão apostólica a partir da profissão de fé do então Simão, filho de Jonas, em nome de toda Igreja.
“Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo!” Eis a profissão de fé petrina. Nos assentamos sobre essa rocha, nos reunimos no interior desta gruta.
Verdadeiramente, o chamado à vocação apostólica feito a Pedro foi, aparentemente, mais estreito e íntimo e isto pode ter causado um frenesi no coração do apóstolo a tal ponto de se esquecer, naquele momento específico, que ressoava a palavra do profeta Jeremias que muito se aplicara ao Senhor (e por óbvio aos seus seguidores) – tornei-me alvo de irrisão o dia inteiro, todos zombam de mim.
A narrativa do sofrimento, do escárnio e da morte assusta Pedro que investe “contra” o Senhor – tem piedade de Ti, Senhor; nunca acontecerá isso a Ti.
Ó Pedro, ó discípulo, acha-te onde deves, no local de discípulo, não seja Pedro, pedra de tropeço, mas seja Pedro, pedra que edifica na missão discipular.
O primeiro entre os iguais tem uma missão importantíssima, ele confirma os irmãos na fé e recebe pelos demais discípulos a chave de ligar e desligar as coisas no céu. Mesmo que Pedro tenha se aventurado a ir adiante do Senhor, Jesus não tem o desejo de desligar Pedro, ao contrário, chama-lhe a atenção para que ocupe seu lugar atrás de Si, em seguimento... Pedro não pode se escandalizar, ele é um bem-aventurado!
O seguimento significa então assumir a cruz de cada dia na missão. Se houver outra possibilidade além dessa, ela não nos liga ao discipulado. Seguir Jesus é assemelhar-se a Ele em tudo, incluindo a cruz. Será aí que ganhamos a vida, a vida missionária, a vida do discípulo que segue o Senhor na cruz e na ressurreição.
Pe. Jean Lúcio de Souza