Continuamos com Lucas neste belo capítulo 6 de seu Evangelho. O que temos para hoje?
Há tanta beleza que será preciso escolher algo para dizer, portanto, escolho em profundidade, a abertura do texto.
Há uma cena bem peculiar, encantadora, inaugurada com a “solidão” benfazeja de Jesus, que reza, ora, retira-se para entreter-se consigo mesmo entre a divindade e a humanidade que Lho habita e que caminha no chão da história. O Emanuel, Deus conosco, torna possível aos nossos olhos o grande ensinamento da intimidade com Deus que nasce da oração. Aí a humanidade se une perfeitamente a Deus que nos ouve e elege para missão na escola do Evangelho.
Jesus reza a sós. Que bela disposição. Aqui a noite não é símbolo de tormento e tão pouco de deserto aflitivo, aqui a noite ganha nova configuração, ela passa a ser o lugar da intimidade e do refúgio em Deus.
São João da Cruz, um sábio santo Carmelita, de profunda intimidade espiritual com o Senhor, escreveu um poema lindo chamado “a noite escura da alma”, esse poema é um jeito de mostrar às almas um caminho espiritual para se chegar à união com Deus.
Destaco para vocês uma pequena parte deste itinerário:
Em noite tão ditosa, e num segredo em que ninguém me via, nem eu olhava coisa alguma, sem outra luz nem guia além da que no coração me ardia.
Essa luz me guiava, com mais clareza que a do meio-dia. Aonde me esperava quem eu bem conhecia, em sítio onde ninguém aparecia.
Oh! noite que me guiaste. Oh! noite mais amável que a alvorada. Oh! noite que juntaste Amado com amada, amada já no Amado transformada!
Sim, Jesus nos ensina que a oração junta noss’alma ao Deus da vida e São João da Cruz transformou essa realidade em poema.
O convite para hoje é esmerarmos na prática da oração, na busca da intimidade com o Senhor e na intensidade do compromisso com a vida em Deus, sobretudo, antes de fazermos nossas escolhas fundamentais, escolhas que implicam a inteireza da vida humana.
Pe. Jean Lúcio de Souza