Quando o assunto é perdão, será bom lembrarmos sempre, que somos escravos e estrangeiros. Que significa isso? Nosso peregrinar no chão deste mundo, não nos coloca no lugar de juízes ou de “patrões”, de donos da casa grande. Somos escravos! Somos companheiros e nos entreolhamos olhos nos olhos, jamais sobrepujando o outro.
Reconhecer isso é importante, pois significa reconhecer nossos limites e este limite é o do escravo, daquele que peca, que está sempre devendo, sempre atado a uma estrutura negativa que o impede de ser livre. Uma dívida!
O que então vem às nossas consciências e corações? O mais óbvio possível. Não há o que discutir ou dissimular: ou de fato perdoamos ou seremos devedores para sempre.
O mais interessante de tudo é que o Pai, ao perdoar, abre as portas para nova oportunidade, e qual seria essa oportunidade? Não se trata da oportunidade de continuar devendo, como fez o escravo perdoado, mas a oportunidade de perceber e compreender que, da mesma forma que devo, logo também os outros devem, mas a mim? Não! Ninguém nos deve na ótica da fé.
Todos devemos ao Senhor e somente Ele é juiz, somente Ele sentencia à liberdade ou à prisão para que se pague toda dívida.
Perdoar setenta vezes sete significa então perdoar “mais que sempre”. Perdoar é não se deixar perder e nem deixar que o outro se perca.
Coragem! Tudo vai dar certo, tenha apenas a disposição de ir adiante.
Pe. Jean Lúcio de Souza