A construção do templo, a sua manutenção, sua beleza e riqueza, a ordem de construção ou reconstrução e ainda a frequência ao mesmo, tendo sido considerado casa de Deus ou local da habitação de Deus é um tema que vez ou outra aparece em algum momento nas Sagradas Escrituras, inclusive como lei e para além disso, símbolo da força da fé de um povo.
Nesse contexto, mais um dia a primeira leitura destaca a importância acerca do templo, sua construção, a autorização real. É manifesta a alegria do término da construção e os sacrifícios de louvor e ação de graças de modo quase que “exagerado”, simbólico segundo o número de animais sacrificados.
O salmista, por sua vez, não foge do tema, afinal, para ele é uma alegria ir à casa do Senhor que se firma em Jerusalém como sinal de esperança e da justiça que brota do e no louvor ao Deus Altíssimo.
Porém, quando chegamos ao Evangelho a menção ao templo é silenciada. Mas, seria mesmo um silêncio ou apenas um jeito diferente de se entender o templo, ou a ida ao templo, ou a forma de se expressar esse louvor diante do novo templo?
É bem forte a expressão de que a multidão se aproxima de Jesus, aproxima-se, como se aproxima da casa de Deus, do local da justiça e sabedoria e a família de Jesus também vai ao seu encontro.
Cumprir em tudo a vontade de Deus, colocando-a em prática é ir, sobretudo, ao encontro desse Templo novo edificado, que é Deus mesmo no meio de seu povo: Jesus Cristo, Nosso Senhor!
Jesus é verdadeiramente o Templo vivo de Deus. Ele é a sede da Justiça. Jesus, Deus conosco, nascido daquela mulher do “faz-se”, filho de Maria, a mulher do sim irrevogável, daquela que em tudo fez cumprir, em si, a vontade do Eterno encontra asilo nesse símbolo da visita que é proposto em Lucas, portanto é perfeito.
Jesus novo Templo, gerado (edificado, construído) no seio de Maria. É ela que coloca em prática a vontade de Deus em sua vida acolhendo-A no seu ventre puríssimo é o primeiro modelo de acolhimento, de ida a esse novo local da contemplação de Deus, gestação do Reino de Justiça e Paz.
É a partir de Jesus que o governo real e justo se solidifica sobre o trono de Davi, vê-se inaugurado diante do povo de Israel que se alegra, pois, às palavras do anjo – e o Senhor dará a Ele o trono de seu pai Davi e Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó – é configurado seu reinado e é fortalecido também sobre uma silenciosa base Mariana de seguimento e obediência à vontade de Deus.
Isto é tão divino e perfeito que diante do Deus-Templo-vivo não se apresentará mais nenhum sacrifício, pois Ele mesmo se fará sacrifício perfeito e santo ao Pai. Ele aglutina em si o local da Adoração, do Serviço, do Sacrifício. Será Ele mesmo que nos tomará pelas mãos e nos introduzirá no Templo de Deus que é Seu coração e ali, seremos felizes e o perfeito louvor, no coração de Jesus será elevado a Deus. Esta será nossa lei. Este será nosso jeito de viver. Esta é nossa casa e nossa alegria.
Pe. Jean Lúcio de Souza