Caros irmãos e irmãs, encerrando o mês de setembro, Lucas nos brinda com este texto inicialmente interessante, mas no final da perícope, sentimos um fundo de amargor quanto ao mistério da Páscoa do Senhor.
Este pequeno texto abre a cena com as palavras do evangelista dizendo que o povo “se admira das coisas que Ele fazia”, porém esse admirar é conteúdo de uma mera observação de fatos externos aos sentimentos que a fé poderia provocar, ou seja, admiravam-se do extraordinário, mas não viam o Senhor com a profundidade da fé que emana do Espírito de Deus. Veem, mas não contemplam.
Há um percurso de encontro com o Senhor que se esvazia pela admiração. As pessoas alienadas da realidade portam-se como se estivessem diante de um espetáculo circense.
Mas Jesus entra na cena com uma palavra de advertência aos discípulos, para não se admirarem, porque o Filho do Homem será entregue.
Não há tranquilidade no seguimento e na conclusão da Páscoa do Senhor. Este que cura amando e ama curando não será compreendido e mesmo sendo a ação do amor de Deus no meio da comunidade será perseguido, mesmo sendo expressão de cuidado e zelo será entregue e condenado. É preciso que o Amor seja submetido à paixão, e quando se fala em ser entregue sem mencionar a ressurreição os discípulos perdem o norte e não compreendem o que Jesus quer lhes dizer.
Jesus anuncia que aquele que é admirado será perseguido. Não se encantem com as luzes e os elogios, atentai, eles irão perseguir o Filho do Homem, eles irão perseguir os seguidores do Filho do Homem. A paixão os alcançará, como alcançou ao Senhor.
Por essa razão alerta-lhes: “ponde nos vossos corações essas Palavras”. É um chamado. É um alerta. Atenção! Como nos ensinou Tito Bostrense “enquanto todos se admiravam dos seus prodígios, o Senhor prenuncia a paixão. Não são, afinal, os prodígios que salvam: é a cruz que nos dá todos os bens. Por isso segue: o Filho do Homem está para ser entregue nas mãos dos homens.
Pe. Jean Lúcio de Souza