Em outubro, nossas comunidades se voltam, de modo especial, para a dimensão missionária da fé. A Igreja existe em razão da missão que Jesus lhe confiou: “Vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos” (Mt 28,19).
A esse apelo missionário, devemos ser prontos em dizer sim, na busca permanente de ser uma Igreja em saída, acolhedora, próxima das pessoas e missionária, ou seja, que vai ao encontro de todos, como evoca o tema da campanha missionária desse ano: “Ide! Da Igreja local aos confins do mundo” e seu lema: “Corações ardentes, pés a caminho (Lc 24,13-35).
O Papa Francisco, em sua mensagem para o Dia Mundial das Missões, a partir do texto bíblico dos discípulos de Emaús (Lc 24,13-35), focaliza a atenção sobre o encontro com Jesus Ressuscitado como motivação central do ser e do agir missionários. “Os pés dos discípulos fincados em uma realidade bem determinada se põem a caminho somente porque, antes, os corações se inflamaram no encontro com Jesus que os ouviu, caminhou junto deles, explicou-lhes a Escritura e ficou com eles para a partilha do pão”.
De fato, a missão se faz com os joelhos que se dobram em oração, com as mãos que se abrem para servir e com os pés que vão ao encontro. Somos chamados a fazer a experiência do encontro com o Senhor, propiciador para agirmos em seu nome ajudando outros mais a fazerem, igualmente, essa experiência libertadora que converte, dá sentido e horizontes novos à vida e à missão.
Consagrados e enviados pelo Batismo, somos exortados a viver nossa vocação de discípulos missionários. Precisamos levar a todos a Boa Nova do Cristo Senhor, com nossos pés a caminho, cativados e movidos pelo amor de Cristo que, como aos discípulos de Emaús, faz também arder o nosso coração.
A fé que recebemos e professamos, nos ensina que todos têm o direito de receber o Evangelho e que nós, cristãos, temos o dever de anunciá-lo, sem excluir ninguém. Como a Palavra de Deus vai chegar a todos se não houver quem pregue? A cada um e a todos, é confiada essa missão.
Precisamos despertar um novo vigor missionário em nossas comunidades: ajudar as famílias a viverem sua fé; missionar nossos grupos eclesiais para irem ao encontro das pessoas, sobretudo dos mais afastados e necessitados; despertarmo-nos para as necessidades de nossos irmãos e irmãs, sobretudo os que se encontram à margem da sociedade, e para a missão ad gentes (além-fronteiras).
Os destinatários da atividade missionária são os não cristãos, principalmente os povos e continentes onde esse anúncio da fé não se deu ou ainda poucos tiveram o contato com a fé em Jesus Cristo. Mas não apenas os não cristãos, pois a missão tem como destino também a própria Igreja em seus novos areópagos, como os bairros marginalizados, os cristãos afastados, os meios de comunicação social, a política, as redes sociais e os vários ambientes de violência e que atentam contra a dignidade e a vida humana e do planeta.
Ide! Essa é a nossa missão. A comunidade é chamada a irradiar a luz e o calor de sua fé, atraindo para Cristo outros irmãos e irmãs. Quando ela age assim, acolhendo o mandato de Jesus Cristo, ela se torna lugar profético de conversão, de vida e de missão.
Todos nós podemos e devemos colaborar concretamente com a missão através da oração e da ação, com nossas ofertas, acolhendo a campanha missionária desse ano, e, sobretudo, com a doação de nossa própria vida, no compromisso de evangelizar até os confins do mundo.
Não se esqueça: a vida é missão!
Pe. Marcelo Moreira Santiago