O Apóstolo Paulo recomenda a oração, sem a qual não há vida verdadeiramente cristã. Para o cristão, a oração, mais do que um dever a cumprir, é uma necessidade que vem do dom recebido de Deus, da vida nova que decorre do batismo. Ela é um ato de abandono e de confiança n´Aquele que podemos chamar Abbá, Pai! A oração é fruto do Espírito Santo em nós: “é de acordo com Deus que o Espírito intercede pelos santos” (v. 27). Temos, pois, dois intercessores diante do Pai: Jesus, o único mediador, e o Espírito, o outro consolador. Por isso, nunca estamos sozinhos na oração. A presença e a assistência de Jesus e do Espírito tornam eficaz a nossa oração. A oração nos permite tomar consciência dos dons recebidos e dos que havemos de receber, progredindo na fé, conforme o itinerário resumido pelo Apóstolo no v. 30: “Àqueles que predestinou, também os chamou; e àqueles que chamou, também os justificou; e àqueles que justificou, também os glorificou”.
No Evangelho, alguém pergunta a Jesus: “Senhor, são poucos os que se salvam?” (v. 23) Jesus não responde à pergunta, mas acrescenta: “Esforçai-vos por entrar pela porta estreita” (v. 24). O Senhor queria que essa pessoa não ficasse apenas na especulação, mas assumisse uma atitude de vida. O desejo do Coração de Jesus é que todos se empenhem em entrar no projeto de amor e salvação idealizado por Deus em favor dos homens. Continuando o Evangelho, a imagem do banquete escatológico, em que participam todos os povos da terra (v. 29), manifesta a salvação oferecida a todos os homens e a sua acolhida por muitos pagãos. Estes, os “últimos” a receber o anúncio do Evangelho, serão os “primeiros” a entrar no reino de Deus, enquanto Israel, o primeiro a ouvi-lo, se verá excluído dele, se não o acolher (v. 30). Aqui um grande ensinamento: A salvação não é questão de pertença étnica, mas de fé em Jesus. Não é o ser filhos de Abraão que assegura a salvação, mas o realizar as obras de Abraão (Jo 8, 39) que, na esperança da redenção futura, acreditou e, pela fé foi reconhecido como justo (Tg 2, 23).
Vivo uma vida orante e sacramental, alimentando assim a minha fé? Confio, verdadeiramente, e espero no Senhor? Empenho-me em viver segundo o Projeto de Deus em seu filho Jesus Cristo? Vivo a comunhão com Deus nesse mundo para um dia participar do baquete eterno, na glória do céu? Em que posso, à luz da fé, progredir?
Bendito sejas, Pai Santo, pelo teu projeto de amor para cada um de nós, realizado no teu Filho Jesus Cristo, morto e ressuscitado para nossa salvação. Bendito sejas pela alegria e pela confiança que esse projeto suscita em nós, pois estamos certos de que o completarás em nós. Abandonamo-nos ao teu Espírito Santo. Que Ele aperfeiçoe em nós a imagem de Jesus, resplendor da tua glória, para Te darmos plena alegria e Te glorificar no meio dos irmãos e irmãs. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago