Exultemos de alegria no Senhor, celebrando este dia de festa em honra de todos os santos e santas. A seu exemplo, busquemos caminhar, no seguimento de Jesus, na busca da perfeição cristã, em galgar a santidade de vida, pois se estes e estas puderam, por que nós não haveremos de poder?
Na primeira leitura, o livro do Apocalipse relata as visões do Apóstolo João em meio às perseguições do Império Romano aos que abraçavam a fé cristã. Iriam as comunidades cristãs, recém fundadas, desaparecerem? Essas visões trazem uma mensagem de esperança diante dessa grande provação. É uma linguagem codificada que evoca Roma, perseguidora dos cristãos, sem a nomear diretamente, aplicando-lhe o qualificativo de Babilónia. A revelação proclamada hoje registra a vitória do Cordeiro que foi imolado, mas que está vivo, ressuscitado. Ele, vitorioso, transformou o caminho de morte em caminho de vida para todos aqueles que o seguem, em particular pelo martírio e participam doravante ao seu triunfo, numa festa eterna. Estes que “vieram da grande tribulação e que lavaram suas túnicas no sangue do Cordeiro” são numerosos, saudados como de 144 mil, um número biblicamente simbólico para dizer uma multidão incontável das 12 tribos de Israel multiplicado por 12, recordando, a partir dos apóstolos, o povo da nova Aliança, multiplicado por mil. A salvação de Deus se ordena a todos, sem exceção.
Na segunda leitura, o mesmo Apóstolo João, em sua primeira carta, responde às interrogações sobre o destino dos que passam pela morte, pois desapareceram dos nossos olhos. A resposta é uma dedução absolutamente lógica: se Deus, no seu imenso amor, faz de nós seus filhos e filhas, Ele não nos pode abandonar. Ora, em Jesus, vemos já o futuro ao qual nos conduz a pertença à família divina: seremos semelhantes a Ele e destinados a estar com Ele, numa vida plena e eterna, na glória do céu.
No Evangelho, Jesus proclama as Bem-aventuranças. Elas revelam a realidade misteriosa da vida em Deus, iniciada no Batismo. Aos olhos do mundo, o que os servidores de Deus sofrem são, efetivamente, formas de morte: ser pobre, suportar as provas ou as privações, ter fome e sede de justiça, ser perseguido, ser partidário da paz, da reconciliação e da misericórdia... num mundo de violência e de lucro… tudo isso aparece como não rentável, fadado ao fracasso, à morte. Mas o que pensa Cristo? Ele, pelo contrário, proclama felizes todos os seus amigos que o mundo despreza e considera como mortos, consola-os, alimenta-os, chama-os filhos de Deus, introduzindo-os no Reino e na Terra Prometida. Os santos assim viveram... Esse também deverá ser o nosso programa de vivência cristã, nesse mundo, na busca da santidade, dom de Deus e compromisso que decorre, enquanto chamado divino, de nosso Batismo. Seremos bem-aventurados, ou seja, felizes, se assim agirmos.
Sou perseverante na fé, sobretudo diante das provações da vida? Tenho me esforçado para viver com santidade minha vida e missão? O que me falta ainda? Procuro acolher esse programa de vida cristã que Jesus propõe para os seus discípulos, as bem-aventuranças?
Senhor, meu Deus, só Tu és Santo. Concede-me discernimento e perseverança para que trilhando em teus caminhos, à luz das bem-aventuranças, eu possa viver, com santidade de vida, o chamado e a missão que me confias. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago