Na primeira leitura, o apóstolo Paulo, escrevendo aos romanos, nos leva a refletir, mais uma vez, sobre a gratuidade da misericórdia divina para conosco. Ele diz que “Os dons e o chamamento de Deus são irrevogáveis” (v. 29). Se, em razão da desobediência dos Judeus, o anúncio da salvação foi dirigido aos pagãos e estes fizeram experiência da misericórdia divina, o mesmo pode acontecer com os judeus, acolhendo o que no princípio recusaram. Deus quer usar de misericórdia (v. 32) e, em seu plano de salvação, deseja reconciliar com Ele todos os povos. O seu amor é pra sempre. Paulo louva a profundidade e a impenetrabilidade da sabedoria de Deus, o amor de Deus pelo qual existem todas as coisas e que enche de significado toda a existência.
No Evangelho, Jesus nos traz um grande ensinamento: “Quando deres um almoço ou um jantar, não convides os teus amigos, nem os teus irmãos, nem os teus parentes, nem os teus vizinhos ricos; não vão eles também convidar-te, por sua vez, e assim retribuir-te.” (v. 12). É um conselho estranho! O mais natural é convidarmos para o almoço ou para o jantar, os amigos, os familiares, as pessoas que têm influência na sociedade e que nos podem ajudar a resolver algum problema ou a alcançar determinado objetivo. Numa palavra: o mais habitual é convidarmos quem nos possa, de algum modo, retribuir. Mas Jesus insiste: “Quando deres um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos. E serás feliz por eles não terem com que te retribuir; ser-te-á retribuído na ressurreição dos justos.” (vv. 13-14). Geralmente pensamos que a bem-aventurança, a felicidade, está em receber. Mas Jesus ensina o contrário, apontando-nos o caminho da gratuidade, do amor desinteressado. É aí que se encontra a verdadeira alegria. Se fizermos o bem, à espera de retribuição, estamos no caminho errado. Pelo contrário: se dermos a quem não nos pode retribuir, estamos no bom caminho, na lógica divina do amor, que não se compra e nem se vende.
Confio na misericórdia divina, no amor que Deus tem por mim e por todos os seus filhos e filhas, apesar de nossos pecados? Procuro louvar a Deus com a minha vida? Tenho agido com gratuidade, ajudando o próximo, ou só ajo por interesses? Sou uma pessoa caridosa? Em que a Palavra de Deus hoje me ajuda?
Senhor, o teu amor é misericórdia que me ergue de toda paralisia e do abismo dos meus erros. O teu amor é gratuito, incondicional e desinteressado. Amar, e só amar, é a tua alegria, a tua vida! É o mesmo que me pedes em relação aos meus irmãos e irmãs, particularmente os pequenos e pobres. Liberta-me do egoísmo que me afasta dos outros e de mim mesmo e dá-me essa graça, a alegria de amar e servir sempre. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago