A liturgia do 32º Domingo do Tempo Comum nos convida à vigilância. Recorda-nos que a segunda vinda do Senhor Jesus está no horizonte final da história humana. Devemos, portanto, caminhar pela vida sempre atentos ao Senhor que vem e com o coração preparado para o acolher.
A primeira leitura nos apresenta a "sabedoria", dom gratuito e incondicional de Deus para a criatura humana. É reconfortadora a forma como Deus se preocupa com a felicidade do homem e da mulher e põe à disposição dos seus filhos a fonte de onde jorra a vida definitiva. Ao ser humano resta estar atento, vigilante e disponível para acolher, em cada instante, a vida e a salvação que Deus lhe oferece. Na perspectiva judaica, a "sabedoria" é a arte de bem viver, de ser feliz. Ela consta de um conjunto de princípios práticos, de normas de comportamento com o objetivo de proporcionar ao ser humano uma vida harmoniosa, equilibrada, ordenada, cheia de êxitos. Ser "sábio" é então cumprir integralmente os mandamentos da Lei de Deus, cumprir, zelosamente, a Aliança feita com Ele.
Na segunda leitura, Paulo garante aos cristãos de Tessalônica que Cristo virá de novo para concluir a história humana e para inaugurar a realidade do mundo definitivo. Todo aquele que tiver aderido à Jesus e tiver se identificado com Ele irá ao encontro do Senhor e permanecerá com Ele para sempre. Cristo recebeu do Pai a vida que não acaba e quem se identifica com Cristo está destinado a uma vida semelhante; a morte não tem poder sobre Ele... Isto deve encher de esperança também a nós, cristãos, ajudando-nos a viver com serenidade, alegria e paz, pois não caminhamos para a morte, mas para a plenitude.
O Evangelho nos lembra que "estar preparado" para acolher o Senhor que vem significa viver dia a dia na fidelidade aos ensinamentos de Jesus e comprometidos com os valores do Reino. A situação dada com as cinco jovens "imprevidentes" que não levaram azeite suficiente para manter as suas lâmpadas acesas, enquanto esperavam a chegada do noivo, serve para nós como um alerta. Não podemos afrouxar a vigilância e enfraquecer o nosso compromisso com os valores do Reino. Com o passar do tempo, as nossas comunidades têm tendência para se instalar no comodismo, numa vida de fé que não compromete, numa religião de facilidade, num testemunho de pouco empenho e pouco coerente... É preciso, no entanto, que o nosso compromisso com Jesus se renove cada dia. A certeza de que Ele vem outra vez, deve impulsionar-nos a um compromisso ativo com os valores do Evangelho, na fidelidade aos ensinamentos de Jesus e ao compromisso com o Reino.
Procuro estar atento ao que Deus me pede, sendo vigilante, na perspectiva do encontro com Ele? Busco viver com sabedoria, observando os mandamentos, os preceitos divinos? Minha vida se vê identificada no seguimento de Jesus, como discípulo missionário? Diante do que sou e faço, sou previdente ou imprevidente? Em que a Palavra de Deus me ajuda hoje?
Pai de infinita bondade, tenha piedade de mim, afasta de mim todo obstáculo, para que inteiramente disponível, guardado na fé, no seguimento de teu Filho, e agindo com a sabedoria que vem do alto, do teu Santo Espírito, eu me dedique mais ao teu serviço e, em tudo, realize a tua Santa Vontade. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago