Na primeira leitura, vemos que Deus criou o homem para a incorruptibilidade (v. 23), isto é, para a imortalidade, esperança daqueles que n´Ele confiam (v. 9). O destino original do homem é a imortalidade, isto é, uma vida que não conhece a morte, uma vez que foi feito à imagem de Deus (2, 23), ainda que, “por inveja do diabo” (2, 24), a morte se apresente como espectro da existência.
Pela primeira vez se fala de vida eterna, ao aprofundar a questão da retribuição, ou seja que os justos devem ser premiados e os maus castigados. A morte e a vida atravessam o caminho do homem. É preciso confiar no Senhor, é preciso esperar que termine o tempo da provação. Então será satisfeita a confiança dos justos, e de todos os que esperaram contra toda a esperança. Os justos resplandecerão (vv. 5-9) porque, na verdade, “estão em paz” (v. 3), “estão nas mãos de Deus” (v. 1), desde já e para sempre.
No Evangelho, Jesus, depois de ter falado da fé, dirige-se aos apóstolos e, por meio da parábola do servo, recomenda-lhes que se façam servos de todos. Mais uma vez, Jesus acentua que, na lógica do Reino, não conta tanto o que se faz quanto a intenção, o estilo, o método com que se faz. Não recomenda uma humildade genérica ou protocolar. Na verdade, Deus não precisa de nós, nem das nossas ajudas; mas nos quer colaboradores em total sintonia com o seu Projeto de salvação. O que Jesus quer que os apóstolos interiorizem é a atitude que, Ele mesmo, demonstrará na véspera da paixão: depor o manto, servir os irmãos e, no fim, julgar-se e declarar-se “servos inúteis”, pois “fizemos o que devíamos fazer” (v.10).
Confio em Deus e caminho segundo os seus mandamentos? Procuro ser justo e reto, comigo mesmo e nas relações com as pessoas? Assumo a minha fé na perspectiva do seguimento a Jesus, procurando amar e servir como Ele assim o fez? Em que a Palavra de hoje me ajuda a viver melhor minha fé?
Senhor, tudo o que sou e tenho, de Ti o recebi. Ajuda-me a que faça de toda a minha existência uma restituição dos teus dons. Dá-me a certeza de que já estou Contigo naquela vida que durará eternamente, e de que a morte é apenas uma passagem. Aumenta em mim a fé nesta eternidade de amor, que já saboreio em cada chama de amor humano que recebo. Creio, Senhor, que, como acordo todas as manhãs, um dia ressuscitarei na tua aurora. Não será um prêmio a que tenho direito, mas o definitivo transbordar da tua infinita misericórdia a meu favor. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago