Celebramos a memória de Santo André Dung-Lac, presbítero, e companheiros mártires. André foi pároco e missionário no Vietnã, onde nasceu em 1795. Deu testemunho de Cristo, por meio do martírio, em 1839. A ele se associam, nesta memória, um grupo de outros 116 cristãos, entre leigos, bispos e padres, que, em terras vietnamitas, entre os séculos 18 e 19, pagaram com a vida a sua fé. Que a ousadia, a coragem e o sangue desses mártires fortaleçam os cristãos que ainda hoje são perseguidos, por causa de sua fé, em muitos lugares do mundo.
Na primeira leitura, do primeiro livro dos Macabeus, vemos a importância dada ao templo, como centro da vida do povo e referência necessária para a observância integral da Lei. O texto narra a purificação e a consagração do templo, depois das primeiras vitórias de Judas Macabeu, por volta do ano 164 a.C. O templo fora saqueado e profanado com os sacrifícios pagãos, três anos antes. Depois do lamento e do luto, realizam-se os trabalhos da reconstrução do templo. Chegado o dia do rito, são oferecidos logo de manhã, sobre o altar reedificado, sacrifícios ao som de cânticos, acompanhados por diversos instrumentos. O altar é consagrado e o povo prostra-se em adoração e dá graças a Deus. Os ritos prosseguem durante oito dias (v. 56). No templo remodelado, é apagada a vergonha da dominação pagã (vv. 57s.). E Judas Macabeu ordena que a festa seja celebrada todos os anos com alegria (v. 59). A ação litúrgica e o templo, enquanto casa que acolhe o povo de Deus, devem receber de nós igual atenção, cuidado e respeito, enquanto ordenados para o louvor a Deus e para o alimento da fé e da missão, para o encontro com Deus e com os irmãos/as.
No Evangelho, vemos Jesus agir contra os vendedores no templo. Está escrito: “A minha casa será casa de oração”, diz Jesus (v. 45). O templo, enquanto casa de Deus, tem de ser respeitado e não pode ser usado para outros fins que não sejam o culto de Deus. O templo não pode tornar-se “um covil de ladrões” (v. 46). Importante observar que não são apenas as profecias que determinam o comportamento de Jesus, mas é também o comportamento de Jesus que realiza em plenitude as profecias. A luz que ilumina os gestos de Jesus vem da sua mensagem profética, mas sobretudo da sua consciência messiânica. Ele é o verdadeiro templo de Deus que “Os sumos sacerdotes e os doutores da Lei, assim como os chefes do povo, procuravam matar» (v. 47). Os poderosos, daquele tempo (e também os de hoje), permanecem na sua cegueira diante de Jesus e das suas palavras. Mas o povo simples, que reconhece a necessidade de um Salvador e de um Mestre, ficava fascinado quando ouvia Jesus falar (v. 48). Mesma atitude, devemos ter todos nós.
Tenho zelo pela “casa” de Deus? Ajudo minha comunidade, com minhas ofertas e dízimo, também com minha participação, a levar avante a missão evangelizadora? Reconheço que Jesus é, por excelência, o templo santo de Deus? Compreendo também que sou “Igreja-viva”, morada do Espírito Santo? Exploro ou sirvo às pessoas, a partir da vida cristã em comunidade? O que mais a Palavra me ajuda hoje?
Senhor Jesus, dá-me luz para discernir o que é sagrado; dá-me coragem para falar quando for preciso e de me calar quando é bom fazê-lo. Guia-me pelo caminho da vida, nas minhas relações com os outros, porque, mais do que os templos ou as igrejas, todo ser humano é sagrado para Ti. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago