Celebramos hoje a festa de Nossa Senhora das Graças. Desde o início da Igreja, Nossa Senhora sempre foi vista como “portadora das graças”. Contudo, esta devoção teve início, em 1830, com as aparições da Virgem Maria à piedosa e humilde Santa Catarina Labouré, na época freira do convento das Filhas da Caridade. Ao todo, foram três aparições que aconteceram no convento das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, em Paris, na França. Ao celebrar sua festa, renovemos nossa confiança na Virgem Maria, em sua Imaculada Conceição, e em sua intercessão a nosso favor, alcançando de Deus as graças de que tanto precisamos para nossa felicidade, realização e santificação.
A primeira leitura, do livro de Daniel, faz referência à deportação ocorrida no tempo de Nabucodonosor e ressalta a figura de Daniel. O rei manda escolher alguns jovens, entre eles quatro israelitas nobres e dotados, para serem instruídos e colocados a serviço da corte. São escolhidos Daniel, Ananias, Misael e Azarias, todos da tribo de Judá (vv. 3-6) e eles se mostram decididos a não transgredir a Lei. Era essencial para os exilados se manterem fiéis aos poucos preceitos que podiam observar fora da sua terra, e que os distinguiam dos pagãos, como: a circuncisão, a observância do sábado e as prescrições referentes a alimentos. Eles conseguem convencer o oficial, que deles cuidava, a servir-lhes apenas legumes e água. Levados à presença do rei, verifica-se que têm melhor aparência que os restantes jovens alimentados da mesa do rei. E são escolhidos para o serviço de Nabucodonosor, revelando-se grandes sábios, “dez vezes superiores a todos os escribas e magos do seu reino.” (v. 20). Não se trata aqui de evitar, tão só, os alimentos, mas de manter a fidelidade a Deus e às suas tradições, mesmo em situações adversas.
No Evangelho, Jesus vê e elogia a pobre viúva por causa das “duas moedas” que ofereceu ao templo. Ele as considera mais preciosas do que as ofertas dos ricos. O pouco da pobre viúva é tudo aos olhos de Deus, enquanto o muito dos ricos é simplesmente supérfluo. Também aqui encontramos um juízo bastante claro: Deus aprecia mais o valor qualitativo do que o valor quantitativo dos nossos gestos. Só Ele vê o nosso coração e nos conhece profundamente. Deus mede a oferta não pela quantidade, mas pelo coração de quem doa. Sua Palavra nos pede um coração desapegado dos bens materiais e coerente com a fé que professamos.
Procuro ser fiel a Deus, mesmo em tempos difíceis, de provação e revés, que, por vezes, enfrento? Sou desapegado dos bens materiais, usando-os como caminho que me leva a Deus e aos irmãos/as? Ajudo as pessoas e minha comunidade, colocando dons e bens a serviço? Em que a Palavra de Deus hoje mais me ajuda?
Ilumina-me, Senhor, para que eu possa compreender o verdadeiro valor das atitudes, dos comportamentos e das coisas. A tentação de me deixar levar pelas opiniões correntes, pelas modas, é grande. É mais fácil estar com os poderosos deste mundo e segui-los, do que estar com os pobres, tomar “partido” por eles, defendê-los. Ajuda, Senhor, a minha fragilidade, para que eu seja coerente com a minha fé e dócil à tua Palavra de vida, verdade e salvação. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago