Na primeira leitura, vemos o rei Baltasar, filho e sucessor de Nabucodonosor, durante um banquete, em Babilônia, mandar pôr na mesa os vasos sagrados trazidos de Jerusalém por seu pai. A profanação dos vasos sagrados desencadeia um prodígio que espalha o terror na sala do banquete: uma mão escreve palavras incompreensíveis na parede. O rei ficou muito assustado. Ninguém conseguiu explicar o fenômeno, a não ser Daniel. O rei, que já conhecia a sabedoria do jovem deportado, promete-lhe uma grande recompensa, caso consiga interpretar a visão. Mas Daniel não é um adivinho qualquer. Os seus poderes vêm-lhe de Deus e, por isso, os exerce gratuitamente. Relendo a história, ele mostra as consequências da arrogância e do sacrilégio cometido pelo rei. Baltazar opôs-se ao Deus do céu e adorou os ídolos (v. 23). Por isso, tornou-se réu do juízo de Deus. E Daniel explica: o seu reinado vai acabar, o seu poder já não tem peso, o seu reino vai ser dado a outros. A leitura é um alerta para todos nós. Nossa confiança e viva esperança devem estar depositadas somente no “Senhor dos céus”, em cujas mãos está a nossa vida.
No Evangelho, vivendo esses últimos dias do Ano Litúrgico, Jesus fala a respeito do nosso futuro e o das comunidades cristãs de todos os tempos. A perseguição é sinal da autenticidade da fé em Jesus, porque os que o seguem participam do seu destino pascal. É também um sinal de que está perto o reino de Deus e de que é preciso estar atento e preparado para o acolher. Derramar o sangue por Cristo foi e continua a ser para muitos cristãos uma oportunidade para “dar testemunho” (v. 13) do Senhor e do seu Evangelho. O dom da fé implica a missão. Jesus indica o caminho: O testemunho dos discípulos, para ser eficaz, deve ser ao estilo pascal do testemunho dele mesmo. Não é preciso preparar a própria defesa (v. 14), nem imaginar métodos de defesa meramente humanos, ou fazer apelo a estratégias terrenas. O que é preciso é viver a fé com pureza, abandonar-se ao poder de Deus, confiar na sua Providência. Cristo não deixará faltar a eloquência e a coragem aos seus fiéis (v. 15). A perseverança é o distintivo dos mártires, deve também ser para todos nós.
Confio e espero na Providência divina? Sou atento em observar os mandamentos de Deus? Procuro dar testemunho de minha fé? Como enfrento as provações da vida? O que mais a Palavra de Deus me ajuda hoje?
Senhor, mantém-me forte e corajoso, para que não trema e vacile diante das provações da vida, nem diante das perseguições promovidas por aqueles que se opõem a Ti e ao teu reino. Dá-me luz para discernir a tua presença e o sentido do caminho que me propõe; dá-me força para testemunhar a minha fé. Conforta-me quando me sinto triste e abandonado. Só Tu podes ajudar-me, sustentar a minha fé, reanimar a minha esperança e dar calor à minha caridade. Só Tu podes dar-me “palavras de sabedoria” para resistir aos ataques do mal. Obrigado por estares comigo. Obrigado porque a minha fraqueza mostra que só em Ti há vida e salvação. Amém.
Pe. Marcelo Moreira Santiago